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França está criando seu próprio “rival do WhatsApp” para evitar espionagem

Em um mundo cada vez mais vulnerável em termos de dados, a França está preocupada com a possibilidade de que estrangeiros possam ter acesso às conversas privadas entre autoridades e funcionários do governo. Como confiar na palavra de magnatas da tecnologia já se provou não ser suficiente, decidiram criar seu próprio serviço de mensagens instantâneas, […]

Em um mundo cada vez mais vulnerável em termos de dados, a França está preocupada com a possibilidade de que estrangeiros possam ter acesso às conversas privadas entre autoridades e funcionários do governo. Como confiar na palavra de magnatas da tecnologia já se provou não ser suficiente, decidiram criar seu próprio serviço de mensagens instantâneas, como informa a agência de notícias Reuters nesta segunda-feira (16).

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Segundo uma porta-voz do governo, cerca de 20 funcionários estão testando o novo aplicativo, que foi criado por um desenvolvedor estatal. A intenção é que o uso do app seja obrigatório até o verão deste ano, que, no Hemisfério Norte, vai de junho a setembro.

Nenhum dos grandes serviços criptografados de mensagens, como WhatsApp e Facebook, tem sede na França, o que aumenta o risco de violação de dados fora do país.

“Precisamos encontrar uma maneira de ter um serviço de mensagens criptografadas que não seja criptografado pelos Estados Unidos ou pela Rússia. Você começa a pensar sobre as potenciais violações que poderiam acontecer, como vimos com o Facebook, então devemos tomar a dianteira”, afirmou a porta-voz.

A porta-voz conta que o app foi desenvolvido com base em código aberto disponível na internet e que, em breve, ele poderia ser disponibilizado para todos os cidadãos – como se eles fossem confiar no governo, em meio a um momento de rebuliço social.

Ainda como ministro da Economia do antigo governo de François Hollande, o atual presidente Emmanuel Macron queria um serviço que mesmo seus adversários não pudessem descriptografar. Tornou-se adepto do Telegram, que utilizou na comunicação interna da campanha bem-sucedida que lhe rendeu vitória na eleição presidencial do ano passado. Desde então, muitos legisladores franceses se juntaram ao presidente no Telegram, mas o momento mudou.

Nos corredores do Palácio do Eliseu, a fama de “seguro” do Telegram já foi posta em xeque, e ferramentas de segurança colocadas nos smartphones de funcionários do governo hoje bloqueiam o uso tanto do Telegram quanto do WhatsApp.

Além disso, o empresário russo Pavel Durov, responsável pela criação do Telegram, se viu, recentemente, em conflito com o governo local, com o regulador de telecomunicação estatal da Rússia afirmando, nesta segunda-feira, que havia se iniciado um processo de bloqueio do aplicativo depois de a empresa se recusar a obedecer ordens para garantir à segurança estatal o acesso às mensagens secretas dos usuários.

Se isso não for motivo suficiente para um governo ficar desconfiado de usar o app, o que poderia ser?

[Reuters]

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