Frase alfabética de 3,7 mil anos é encontrada em pente de piolhos

A inscrição remete a frase alfabética mais antiga já encontrada por pesquisadores; confira o que está escrito
Frase alfabética mais antiga é encontrada escrita em pente de piolhos
Imagem: Dafna Gazit, fotógrafa sênior, Autoridade de Antiguidades de Israel/Reprodução

Os piolhos não são um problema exclusivo da modernidade. Pelo menos, é o que diz um pente de aproximadamente 3.700 anos encontrado na antiga cidade de Laquis, em Israel. 

O objeto desenterrado por arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém traz em seu corpo a seguinte frase: “Que esta presa arranque os piolhos do cabelo e da barba”. O pente havia sido encontrado em 2017, mas as gravuras só foram descobertas em dezembro do ano passado. 

Apesar de ser um objeto simples, que mede apenas 3,5 cm por 2,5 cm, ele traz muita história. Em primeiro lugar, a frase foi escrita no alfabeto cananeu, inventado em 1.800 a.C. Esse é considerado o alfabeto mais antigo do mundo. 

Não confunda: os primeiros sistemas de escrita surgiram na Mesopotâmia e no Egito por volta de 3.200 a.C., mas não eram alfabéticos. Isso significa que eles utilizavam sinais para representar palavras ou sílabas, e não a junção de letras.

A inscrição no pente, que parece ter sido confeccionado em 1.700 a.C., está sendo considerada pelos cientistas como a frase alfabética mais antiga já encontrada. O estudo completo foi divulgado no Jerusalem Journal of Archaeology.

O pente não resistiu ao tempo. Um de seus lados contava com seis dentes espaçados para remover nós no cabelo, enquanto o outro lado possuía 14 dentes próximos para arrancar piolhos e ovos do parasita. Todos as pontas caíram, mas análises microscópicas revelaram vestígios do inseto, confirmando a utilidade do objeto. 

E quando o problema era piolho, não havia distinção de classe social. O pente era feito de marfim, material retirado da presa de elefantes, mas esse animal não ocupava Canaã na época. O fato sugere que o produto era um item de luxo, que provavelmente foi importado e custou bem mais do que a coceira na cabeça. 

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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