Nós sabemos que a usina nuclear de Fukushima vem vazando radiação constantemente desde que o desastre começou em março. Mas agora temos uma forma de quantificá-la: segundo o jornal japonês Tokyo Shimbun, a quantidade de césio-137 lançada pela usina é “igual a 168 Hiroshimas”. A comparação é questionável, mas joga à luz a questão: por que ainda não temos uma medida melhor?
Já sabemos que o problema do Japão é sério, mas que não será outra Chernobyl. Por outro lado, o Tokyo Shimbun cita estudos do próprio governo japonês que estimam a atividade do césio-137 lançado pela usina em 15.000 terabecquerels. Em comparação, a bomba atômica Little Boy, lançada pelos EUA na cidade de Hiroshima, tinha 89 tera-becquerels em urânio.
O governo japonês argumenta, no entanto, que a comparação não é válida. “Não é razoável fazer uma comparação simples baseada apenas na quantidade de isótopos lançada”, diz um oficial do governo ao Tokyo Shimbun. De fato, uma bomba atômica mata mais por causa da explosão e onda de calor intensa que ela lança, e menos pela radiação que ela emite. Em Fukushima, houve explosões, mas causadas por hidrogênio – não um elemento radioativo como o césio. Mas foram essas explosões que fizeram o césio vazar dos reatores.
Se a comparação não é válida, ficamos no aguardo de uma estimativa melhor. Afinal, o vazamento nuclear já contaminou a terra, água, comida e até a urina dos japoneses. O país está se reconstruindo rápido e merece elogios por isto, mas a radiação é mais outro problema que eles precisarão observar – e medir. [Tokyo Shimbun via AFP]