Uma equipe internacional de pesquisadores calculou que um sistema subterrâneo de fungos ao redor do mundo armazena o equivalente a 36% do carbono liberado na atmosfera todos os anos pela queima de combustíveis fósseis. A equipe publicou suas descobertas na revista científica Current Biology.
“Já sabíamos que [essas redes subterrâneas] eram essenciais para a biodiversidade, e agora temos ainda mais evidências de que são cruciais para a saúde do nosso planeta”, disse Katie Field, professora da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, e co-autora do estudo, em comunicado.
Os pesquisadores estudaram fungos micorrízicos, ou seja, que estabelecem micorriza: uma associação de longo prazo entre eles e raízes de plantas, em que ambos se beneficiam. Trata-se de um tipo de parceria existente há 400 milhões de anos, que ajudou as plantas a se estabelecerem na Terra.
Funciona assim: as plantas pegam carbono da atmosfera, via fotossíntese, e produzem açúcares. Elas fornecem parte destes açúcares aos fungos que estão conectados às suas raízes. A rede subterrânea de fungos, por sua vez, expande a área de absorção das raízes no subsolo – e fornece água e nutrientes minerais, como o fósforo, à sua plantinha parceira. Todo mundo sai ganhando.
Os pesquisadores do novo estudo afirmam que, apesar de importantes para o ciclo de carbono do planeta, os fungos micorrízicos têm sido “amplamente negligenciados”. Por isso, eles passaram dois anos compilando e analisando informações de 194 conjuntos de dados sobre estes organismos.
Heróis do subsolo
Os pesquisadores mediram quanto gás carbônico (CO2) cada tipo de planta absorve e somaram as contribuições de todos os pares de plantas e fungos. Assim, estimaram quanto carbono fica armazenado o subsolo por conta desse tipo de associação – em vez de contribuir para a intensificação do efeito estufa.
O resultado? 13,2 gigatoneladas de CO2. (Para fins de comparação, saiba que a quantidade emitida globalmente em 2021 foi de 36,6.) A equipe também descobriu que as plantas associadas a fungos podem absorver oito vezes mais carbono do que as plantas que trabalham por conta própria.
Estes números são estimativas, e os pesquisadores acreditam que a quantidade de carbono armazenada pode ser ainda maior. O estudo é a primeira tentativa de estimar quanto carbono é transferido para fungos micorrízicos em todo o mundo, e a equipe acredita que estes resultados podem otimizar modelos climáticos à medida que ajudam os cientistas a entender o papel dos fungos no ciclo de carbono.