Uma equipe de pesquisadores identificou a galáxia mais distante já detectada pela humanidade. A EGS-zs8-1 está tão longe do nosso planeta que só agora estamos vendo a luz que ela emitia há 13 bilhões de anos.
Acredita-se que a galáxia se formou quando o universo era extremamente jovem. Afinal, estima-se que o universo tenha 13,8 bilhões de anos, um pouco mais velho do que a luz dela.
Os cientistas conseguiram encontrá-la por ser um dos objetos mais brilhantes e de maior massa no universo primitivo. Pascal Oesch, que participou do estudo, diz em comunicado à imprensa que “ela já tinha mais de 15% da massa atual da Via Láctea, mas teve apenas 670 milhões de anos para fazer isso”.
A idade da galáxia foi determinada com o instrumento MOSFIRE no telescópio do Observatório Keck, no Havaí. Trata-se de uma câmera que consegue detectar o brilho emitido por objetos longínquos no espaço.
A luz vinda de lugares muito distantes tende para o infravermelho, e apenas instrumentos como o MOSFIRE – ativado em 2012 – podem detectá-la. Por “ver” em infravermelho, ele pode observar o que há por trás de nuvens de poeira e até de buracos negros.
Como os astrônomos calculam a idade e distância de um objeto tão longe no espaço? Eles fazem isso determinando sua posição e a intensidade da luz que ele emite. Como explica o comunicado:
Idade e distância estão vitalmente conectadas em qualquer discussão sobre o universo. A luz que vemos do nosso Sol leva oito minutos para chegar até nós, enquanto a luz de galáxias distantes que vemos através de telescópios avançados viaja por bilhões de anos para chegar até nós – então nós estamos vendo como eram essas galáxias há bilhões de anos.
Ao apontar um telescópio para o céu, ele nos traz imagens do passado: a luz viaja a cerca de 300.000 km/s, então a imagem de galáxias a bilhões de quilômetros de distância pode levar milhões de anos para chegar até nós.
Por isso, a EGS-zs8-1 é apenas uma de inúmeras descobertas em potencial: à medida que usarmos telescópios mais potentes, veremos galáxias ainda mais distantes. Pieter van Dokkum, um dos autores do estudo, diz que “apenas os maiores telescópios são poderosos o bastante para chegar a essas distâncias maiores”.
O Telescópio Espacial James Webb, que será ativado em 2018, nos permitirá ver o espaço 200 milhões de anos depois do Big Bang – ou seja, veremos ainda mais do passado.
O futuro também nos reserva Telescópios Extremamente Grandes (ELTs na sigla em inglês), observatórios com abertura superior a 20 m de diâmetro. Há três deles em construção – dois no Chile, um no Havaí – a serem inaugurados a partir de 2022.
O estudo foi publicado no periódico Astrophysical Journal Letters. [YaleNews]
Imagem inicial por NASA/ESA/P. Oesch/I. Momcheva/3D-HST/HUDF09