Geeks, cinéfilos e terráqueos em geral, vocês têm uma missão este fim de semana

Assistir Avatar, que estreia dia 18 em 600 salas pelo Brasil, com 100 cópias em 3D. Vi hoje de manhã uma das duas cópias em iMax 3D e tive certeza que havia presenciado um momento histórico na indústria do entretenimento. E você, amiguinho, faça o favor de ir. Ao pagar o (caro) ingresso para se divertir horrores, você estará mandando três mensagens para a indústria: 1) que apoia malucos com orçamentos estratosféricos que querem levar a técnica do cinema um passo além;  2) que ir ao cinema ainda faz sentido se ela fizer a experiência valer suficientemente mais a pena que na sua TV de LCD em casa; 3) e que nós, humanos, enxergamos em 3D. E já era hora de o cinema entender isso.

Assistir Avatar, que estreia dia 18 em 600 salas pelo Brasil, com 100 cópias em 3D. Vi hoje de manhã uma das duas cópias em iMax 3D e tive certeza que havia presenciado um momento histórico na indústria do entretenimento. E você, amiguinho, faça o favor de ir. Ao pagar o (caro) ingresso para se divertir horrores, você estará mandando três mensagens para a indústria:
1) que apoia malucos com orçamentos estratosféricos que querem levar a técnica do cinema um passo além; 
2) que ir ao cinema ainda faz sentido se ela fizer a experiência valer suficientemente mais a pena que na sua TV de LCD em casa;
3) e que nós, humanos, enxergamos em 3D. E já era hora de o cinema entender isso.

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O filme que James Cameron imaginou há 15 anos, que precisou de tecnologias totalmente novas (e 4 anos de produção) para ser realizado, é uma revolução na forma de fazer – e ver – cinema. Calma, eu não estou sozinho no hype. Catei as revistas semanais na banca, que fazem coro.  "É uma semana decisiva para o futuro do hábito de ir ao cinema", escreveu o Giron, da Época. Na Veja: "a imersão é de uma profundidade sem precedentes – algo como ser lançado em um mundo novo tão palpável que se tem a ilusão de se ter memórias dele." 

O 3D em Avatar não é uma coisa divertidinha, para dar sustos ou velocidade, como nas animações em três dimensões que aparecem cada vez mais frequentemente no cinema. Na obra de James Cameron, o recurso é usado de maneira tão natural quanto closes e imagens em segundo plano. Depois dos primeiros minutos de estranheza, tem-se o estalo. É assim que os filmes têm de ser feitos. E chega-se à tal imersão.

"Até porque o 3D é o parâmetro natural da visão humana. Em, digamos, vinte anos, o 2D só será usado por razões artísticas específicas – da mesma forma que hoje Woody Allen, por exemplo, às vezes filma em preto e branco", afirmou o diretor do Conselho de Cinema do Reino Unido, Peter Buckingham, ao Guardian, citado pela Veja.

Quando você acompanha o mundo exubertante do planeta Pandora, que os humanos estão ameaçando destruir para conseguir recursos naturais no ano 2154, a sensação é de ter viajado para lá. Não apenas pelo impacto do 3D, mas pelas criaturas, natureza e especialmente os aliens locais, os azuis conhecido como Na’vi. James Cameron criou uma outra tecnologia de captura de movimentos de atores, que fazem você esquecer que são seres totalmente feitos em computação gráfica. Isso é quase tão revolucionário quanto o 3D.

Em vez de usar atores e dublês com aqueles trajes de captura de movimento, cheio de luzinhas, o diretor instalou microcâmeras acompanhando cada expressão facial e sensores pelo corpo. "Os atores me perguntaram se estávamos tentando substituí-los. Ao contrário, estamos tentando dar a eles mais poderes, novos métodos de expressão para criar personagens, sem limitações. O que estamos tentando é substituir as cinco horas na cadeira de maquiagem, que é como se criam personagens como extraterrestres, lobisomens, bruxas, demônios, etc. Agora você pode ser quem ou o quê quiser, ter qualquer idade, até mudar de sexo, sem o tempo e desconforto da maquiagem complicada", afirmou Cameron.

O resultado disso é que a atuação foi a mais pura possível, com atores à vontade como em um ensaio teatral. Cameron pegou todo o material e entregou para a equipe da WETA, o estúdio neozelandês que fez Senhor dos Anéis virar realidade. O resultado é que os seres gigantes azuis são absolutamente críveis, de deixar Gollum parecendo um fantoche. Aliás, bom dizer que a dupla de protagonistas (Zoe Saldana, a Uhura de Star Trek e Sam Worthington, o achado de Terminator Salvation) é espetacular. E é difícil imaginar expressões tão fortes de raiva ou dor dos atores principais se eles estivessem com toneladas de maquiagem. Aquilo é animação E atuação de primeiro nível ao mesmo tempo. Impressionante.

Ah, sim. Até agora não falei da história, e nem vou falar muito. Ela é cheia de marcas Cameronianas: o homem versus a força da natureza, a mulher forte e heroína, o herói que não queria ser herói. Há clichês e melodramas, há meia dúzia de cenas desnecessárias, um pedação da parte mais "de ação" do filme eu tiraria. Sim, é o diretor de Exterminador do Futuro 2 E Titanic em ação. E isso é visível. 

Maaas… Todo o resto é fantástico. Não gosto de estragar a surpresa e você não vai ler uma linha aqui sobre o roteiro. Saiba que o universo é incrível, a história é efetivamente bacana, há várias mensagens e homenagens importantíssimas e as atuações estão ótimas no geral. E não, eu não sou o cara que vê filmes pelos efeitos especiais ou perseguições espetaculares. Escolho vencedores de Sundance ou filmes do Lars von Trier a qualquer Independence Day. 

Mas James Cameron ajudou a formar meu caráter cinéfilo com Segredo do Abismo. Ex-motorista de caminhão, ele é um cara que respira o cinema e está sempre se desafiando para trazer pro espectador a experiência mais impressionante e imersiva possível, custe o que custar (no caso, pelo menos US$ 300 milhões). Com Avatar, ele abre caminho para uma revolução no cinema.

Eu me senti hoje como aquelas pessoas que saíram apavoradas de uma sala de projeção ao verem imagens de um trem em movimento, no século 19. E isso é extremamente divertido.

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