Ciência

Gelo da Groenlândia está derretendo e estudo diz que é possível salvá-lo

Para cientistas, mesmo se a temperatura da Terra subir 6 °C, ainda é possível reduzir a perda de gelo da região; há ressalvas. Entenda
Imagem: Annie Spratt/ Unsplash/ Reprodução

Estima-se que a Groenlândia perca 270 bilhões de toneladas de gelo a cada ano devido às mudanças climáticas. Dessa forma, contribui com uma parcela substancial do aumento do nível do mar, que sobe mais de 4 milímetros todos os anos.

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Ainda assim, pesquisadores sugerem que ela poderia ser salva de um completo colapso. De acordo com uma nova pesquisa, mesmo se a temperatura da Terra subir 6 °C acima dos níveis pré-industriais, a humanidade ainda poderá reduzir grande parte da perda da camada de gelo desta região. 

Para isso, a população mundial teria que reduzir o aquecimento para 1,5 °C dentro de alguns séculos, mostra o estudo publicado na Nature.

Entenda o contexto

Desde a primeira revolução industrial, a emissão de gases do efeito estufa vem aumentando consideravelmente, o que afeta diretamente a atmosfera terrestre. Isso, por sua vez, influencia a temperatura média do planeta, que tem crescido ano a ano.

Estabelecido em 2015, o Acordo de Paris sobre o clima visa limitar o aquecimento a 2 °C, e idealmente a não mais do que 1,5 °C. Contudo, os meses de junho, julho, agosto e setembro de 2023 registraram temperaturas globais recordes.

Por isso, é provável que este ano seja o mais quente para o qual existem dados, podendo registrar uma temperatura média 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

O que diz a pesquisa

Usando modelagem climática, cientistas concluíram que o derretimento da geleira da Groenlândia aceleraria exponencialmente se a temperatura média global cruzar o limite de 2,3 °C acima dos níveis pré-industriais.

Diante dessa informação, eles passaram a analisar o que pode acontecer se a humanidade ultrapassar a meta de temperatura de 1,5 °C. E, ainda, como seria o cenário se o planeta fosse resfriado novamente.

Assim, a análise encontrou que os piores impactos do aquecimento poderiam ser evitados se o aquecimento fosse mantido abaixo de 2,5 °C. Isso porque, mesmo se o planeta esquentasse a este ponto, a camada de gelo da Groenlândia não derreteria completamente – frente uma condição.

Para evitar esse colapso, o aumento médio da temperatura global precisaria voltar a ficar próximo das metas de Paris em questão de séculos. No entanto, para salvar o gelo nessas condições, seriam necessários cortes significativos nos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera no futuro.

Não é preciso chegar ao limite

Ainda assim, a Terra ainda estaria presa a um aumento do nível do mar de vários metros. Isso porque a Groenlândia tem gelo suficiente para elevar o nível dos oceanos em 7 metros, o que devastaria áreas costeiras.

Ainda, a pesquisa pressupõe que a sociedade encontrará de alguma forma uma maneira de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa no futuro. 

E há outras ressalvas, uma vez que o trabalho não considera outras tantas mudanças a curto prazo. Por exemplo, a Nature pontua que o estudo utiliza como base o aumento da temperatura média global, enquanto este processo acontece três vezes mais rápido no Ártico.

Por isso, os pesquisadores alegam que é preciso ter em mente que este é apenas um experimento conceitual. 

“Existe a chance de evitar algumas consequências sérias mesmo se não houver vontade política agora. Mas devemos agir hoje, em vez de mais tarde”, comenta Nils Bochow, autor do estudo.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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