Giz Brasil exclusivo: diretora de parcerias detalha inovações do Google Play
O Giz Brasil teve uma conversa exclusiva com Regina Chamma, diretora da Google Play para a América Latina, sobre as principais inovações implementadas pela plataforma no mercado latino e, principalmente, brasileiro ao longo de 2024. Confira as novidades desse papo abaixo.
Brasil é foco do Google Play
O Google Play registra anualmente um número bilionário de downloads todos os anos. E, desde que foi lançado oficialmente, em 2012, quando unificou uma série de serviços oferecidos pela big tech, segue investindo pesado em novos recursos, tendências tecnológicas e melhorias. Tudo para garantir a melhor experiência possível para seus usuários.
Além de distribuir um catálogo com mais de 3 milhões de aplicativos, a plataforma também oferece conteúdos digitais como filmes, programas de TV, música e livros.
O Brasil é um mercado estratégico para o Google Play. Ao longo dos últimos anos vem recebendo uma “atenção especial” que já rendeu recursos exclusivos. Um dos grandes exemplos é o Pix, método de pagamentos mais utilizado pelos brasileiros, que chegou à plataforma no primeiro semestre.
Google Play oferece suporte a transações via Pix
Desde que foi lançado pelo Banco Central em 2020, o Pix assumiu o posto de método preferido de transações da população brasileira. Além de ser instantâneo, a modalidade é totalmente livre de taxas, fator que contribuiu ainda mais para o aumento de sua popularidade.
Na última segunda-feira (4), o Google anunciou suporte para pagamentos por aproximação utilizando a tecnologia do BC, mas o Pix já está disponível na Play desde março deste ano. Por enquanto, o método está disponível apenas para transações únicas e microtransações dentro de apps e jogos.
Além de entregar maior praticidade para a efetivação de pagamentos online, o suporte ao Pix no Google foi desenhado para facilitar também a vida do desenvolvedor, que recebe os valores das transações em seus aplicativos sem complicações.
“O desenvolvedor não precisa fazer absolutamente nada. A única coisa que o desenvolvedor precisa ter é a nossa última biblioteca de pagamento habilitada. Essa é a única coisa que o desenvolvedor tem que fazer, porque isso já possibilita que ele possa receber o Pix.”
O Google Play levou quase quatro anos para implementar o método de transações instantâneas às modalidades de pagamento suportadas. Segundo Chamma, a espera foi necessária para que a ferramenta fosse implementada de forma responsável para assegurar a integridade da plataforma e usuários.
“São milhões de downloads, são milhões de transações que a gente tem. Então, acho que o que vem primeiro, antes de sair correndo, fazendo qualquer coisa, é a responsabilidade de fazer bem feito. E de, uma vez que a gente lança, lançar corretamente. Acho que esse foi o nosso olhar aí, para poder lançar o Pix na loja.”
“Quando a forma de pagamento evolui, a gente evolui com ela”
Por enquanto, a ferramenta está disponível apenas para pagamentos únicos, ou seja, ela ainda não está habilitada para o pagamentos recorrentes, como assinaturas, por exemplo.
No final de outubro, o Banco Central disponibilizou a modalidade de Pix agendado recorrente, que pode ser utilizado para o pagamento de assinaturas, por exemplo. Questionada sobre a possível chegada do método ao Google Play no Brasil, a diretora da plataforma afirmou que segue acompanhando as movimentações do BC e que há, sim, possibilidade de a plataforma ter suporte ao novo método.
“Obviamente que quando a forma de pagamento evolui, a gente evolui junto com ela. Então, a gente vai estudar aqui como é que é essa implementação, mas tudo que é bom para o usuário final e tudo que facilite, como eu gosto de dizer, nesse ecossistema saudável, a gente vai fazer também no futuro. Mas tem que ter prazo de implementação e testes. Tem todo um processinho por trás disso.”
Segurança aprimorada do Google Play Protect
Em junho deste ano, a empresa lançou no Brasil uma versão aprimorada do serviço Google Play Protect, uma plataforma de segurança desenvolvida especialmente para proteger usuários do sistema Android de agentes maliciosos e softwares suspeitos com potencial de causar danos.
A nova versão tem um foco particular no “sideloading”, como é chamada a prática de download de aplicativos de fontes não oficiais, como links em aplicativos de redes sociais ou diretamente no navegador. A prática não é ilegal, uma vez que o Android é um sistema de código aberto, mas é bastante arriscada.
O mecanismo de segurança agora funciona de maneira mais sofisticada e é capaz de analisar softwares não oficiais e bloquear o download caso detecte a exploração de permissões sensíveis, como, por exemplo, leitura de SMS, que pode ser usada para acesso a credenciais de utilização única. Além disso, o sistema de proteção pode detectar se o software é capaz de monitorar o conteúdo exibido na tela.
Bloqueou mais de 14 milhões de downloads
Desde que foi disponibilizada no Brasil, o mecanismo de segurança bloqueou mais de 14 milhões de downloads de apps potencialmente de agentes fraudulentos. Nos últimos meses, o sistema também restringiu a instalação de pelo menos 38 mil aplicativos considerados potenciais ameaças. O Brasil é apenas o terceiro país no mundo a receber a versão aprimorada da tecnologia, que deve ser implementada em mais regiões no futuro.
“Em junho, a gente começou o piloto no Brasil especificamente, foi um trabalho que a gente fez muito próximo a FEBRABAN, a Zetta, as instituições financeiras, desde bancos até as fintechs, para entender também com eles quais eram os tipos de fraude, pegar o feedback deles, entender quais eram os sinais”
O resultado é um sistema de segurança mais robusto e capaz de manter os usuários do ecossistema Android protegidos contra potenciais golpes.
O que é o Play Integrity API
Além de investir em mecanismos de proteção ao usuário, a plataforma também oferece o Play Integrity API, uma ferramenta de desenvolvedor que oferece proteção contra comportamento abusivo ou fraudulento dentro de apps e jogos. Através da ferramenta, o desenvolvedor é capaz de acessar informações relevantes que lhe permite tomar ações para se proteger de comportamentos impróprios.
“A API consegue dizer para o desenvolvedor se tem algum malware instalado naquele telefone ou não. E aí, cabe ao desenvolvedor tomar alguma ação ou não. Ele é capaz de ver se o app está sendo gravado ou controlado por algum outro aplicativo ou por alguma outra permissão dentro do telefone. Eu consigo passar sinais para esse desenvolvedor para ele entender o que está passando dentro daquele dispositivo em relação à segurança”
Os desenvolvedores têm acesso a essas informações, mas, de acordo com Chamma, sempre observando as diretrizes de privacidade do Google. Após ter acesso às informações, o desenvolvedor tem total autonomia para agir e se proteger do agente com comportamento abusivo.
Além disso, a API está recebendo a capacidade de obter informações sobre comportamento impróprios mesmo se o dispositivo tiver sido redefinido para as configurações de fábrica. Esta é uma atualização muito bem-vinda para tornar o ecossistema mobile do Google mais seguro.
Incentivo financeiro aos estúdios independentes
Além de investir em segurança, o Google Play promoveu recentemente a terceira edição do programa Indie Games Fund. Ele oferece ajuda financeira a estúdios de jogos independentes da América Latina. O fundo de cerca de US$ 2 milhões é destinado para fomentar estúdios a seguirem trabalhando em projetos.
A região possui estúdios com projetos promissores e profissionais altamente qualificados, mas que acabam esbarrando em problemas financeiros e falta de incentivo para seguir trabalhando em seus jogos eletrônicos. Com o programa, o objetivo do Google, é justamente oferecer o fomento que falta para os projetos seguirem adiante.
“Primeiro passo é dar a ajuda financeira”
“O primeiro passo é dar essa ajuda financeira para que, para que esse estúdio comece a respirar um pouco mais e comece a andar com as suas próprias pernas, né? E às vezes até consegue terminar o desenvolvimento do jogo, porque às vezes ele tá parado porque ele não tem mais recurso para conseguir terminar o jogo”
Na atual edição, cinco das dez organizações selecionadas são brasileiras. E, após o processo de seleção, o único requisito é disponibilizar o game na Google Play Store, caso ainda não estejam na plataforma. Isso pode aumentar contribuir para consideravelmente para o aumento na base de jogadores e também gerar receita.
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“Às vezes o desenvolvedor está focado em PC, ele não tem nem condição de fazer essa portabilidade, ele não tem condição financeira de contratar pessoas para ajudá-lo a fazer. Então, a gente quer mostrar para ele que existe uma porta enorme por trás do mobile gaming, da plataforma do Android e do ecossistema da Play”
O programa é exclusivo para a América Latina. Desde que começou, em 2022, vem se popularizando cada vez mais no segmento e impulsionando pequenos estúdios. Estes enfrentavam obstáculos de natureza econômica para seguir investindo em seus jogos.