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Giz Explica: A diferença entre uma TV de R$ 1,5 mil e uma de R$ 10 mil

  Você pode comprar uma HDTV, boa e grandinha, por 2 mil reais. Ou você pode pagar mais de 10 mil reais. Supõe-se que ela seja um tantinho melhor, não é? Daí você pensa: "o que raios faz dela melhor?" Eis a explicação:

Você pode comprar uma HDTV, boa e grandinha, por 2 mil reais. Ou você pode pagar mais de 10 mil reais. Supõe-se que ela seja um tantinho melhor, não é? Daí você pensa: "o que raios faz dela melhor?" Eis a explicação:

Para sermos bastante claros, estamos falando apenas de aparelhos com pelo menos 46" — sim, tamanho é documento. E apesar de haver algumas plasmas de 720p bem boazinhas por preços incríveis, a grande maioria das TVs com a qual nos preocupamos agora opera a 1080p — este é o padrão agora, até mesmo nas HDTVs mais em conta, e provavelmente será a única resolução que países como os EUA terão ano que vem, com o Brasil logo mais em breve.

Nós nos focamos um bocado nas LCDs. Não porque as preferimos, mas porque há algumas melhorias essenciais que podem ser adaptadas à tecnologia de LCD que a tornaria ainda mais bonita. Com a plasma, os problemas — consumo de energia, peso, espessura — são mais uma questão evolutiva que muda ano após o outro. Uma plasma mais barata geralmente é apenas uma que esteja usando uma tecnologia mais arcaica.

Além disso, estamos considerando a base de preços de centros online como a Bondfaro, já que na média é um bom padrão para encontrar preços legítimos e baixos de lojas de rua. E também usamos diversos exemplos da Samsung porque elas têm um monte de modelo diferente no mercado, assim ficava mais fácil isolar recursos individuais e mensurar diferenças sutis nos preços.

Tamanho importa

O primeiro índice — e também o mais óbvio — que lhe alterará o custo é o tamanho do terreno. Não existe exatamente uma relação direta entre preço e polegadas, mas em geral o primeiro passo pra cima é o mais barato, e em algum lugar no meio há o ponto ideal, após o qual você basicamente apenas perde dinheiro ao aumentar o tamanho. O mais engraçado é que cada fabricante parece ter uma noção diferente de onde fica este ponto ideal, algo que você pode explorar tranquilamente:

Por exemplo, a série Viera de plasma da Panasonic. Custa uns R$1400 para saltar do modelo de 42” para o de 50”, e depois mais de R$5000 para saltar para o modelo de 58”. Logo, o ponto ideal é 50”. Mesma coisa com a linha Vizio XVT, comum nos EUA: pular de 42” para 47” custa apenas 250 dólares, mas saltar das 47” para 55” custa mais de 1000 dólares. Logo, 47” passa a sensação de ter o melhor custo-benefício, caso você goste desta TV.

No entanto, com a Sony e a Samsung, às vezes compensa continuar elevando cada vez mais o nível. Na série KLV S510A da Sony Bravia, o salto de 40" para 46" custa is R$1050, mas ir das 46” para 52” custa outros R$1500, uma diferença não muito grande. A B6000 de LED da Samsung custa R$2200 para saltar de 40" para 46" e apenas R$2100 para saltar daí para 55". (Tem limite pra isso, é claro. A LN65B650 de 65" da Samsung não tem muitas das frescuras mencionadas acima, nada de LED iluminando a imagem, mas ainda assim custa 6 mil dólares nos EUA, aqui há de vir por mais de R$20 mil.)

Eis a verdadeira lição: não pense no tamanho como uma conclusão em si. Quando você diminuir as suas opções usando todos os seus critérios, volte atrás e veja os tamanhos e preços relativos. É possível que tenha uma surpresa: com sorte será boa, mas possivelmente será ruim.

Vroom, Vroom

Após o tamanho, basicamente tudo o que você paga a mais está dentro da categoria do desempenho. O grande truque de comprar TVs, de acordo com o nosso amigo Gary Merson do HD Guru, é que "a indústria das TVs é mais ou menos como a de carros". Assim como alguns compram Corvettes para combater suas crises de meia-idade só porque ele acelera que é uma beleza, quando você paga mais por mais cavalos, você também está incluindo assentos de couro, computador de bordo, GPS no painel e outros acessórios. É difícil comprar um carro pelado que "apenas" tenha um melhor desempenho e o mesmo vale quando está tentando achar uma TV que seja mais barata sem comprometer a qualidade da imagem. No caso das TVs, uma de melhor desempenho talvez venha com 1 milhão de entradas HDMI, ou mesmo Wi-fi integrado e video on demand, e você nunca saberá exatamente pelo que você está pagando.

Felizmente, é possível separar o desempenho em duas grandes categorias para ficar ligeiramente mais fácil interpretar estas diferenciações de preço: iluminação traseira (pras LCDs) e qualidade do painel.

Iluminação traseira extravagante

O upgrade em si mais caro para as TVs de LCD neste momento é a iluminação traseira por LED. Conforme explicamos aqui, existem diversas vantagens do LED em relação à iluminação traseira convencional CCFL para TVs de LCD. Quais vantagens em particular você seleciona depende do tipo de iluminação traseira por LED está presente no aparelho. Apesar de ambos oferecerem ligamento instantâneo e economias de energia, modelos iluminados pelas arestas em geral são incrivelmente finos, enquanto os iluminados por trás podem oferecer dimmer local, proporcionando contraste e níveis de preto notavelmente melhores.

E quanto isto lhe custará? Bem, comparando dois aparelhos Samsung com painéis relativamente equivalentes, a diferença de preço é de aproximadamente R$2000. A LN46B650, com iluminação traseira CCFL, custa R$ 4500, enquanto a UN46B6000 custa R$6500. Como possui iluminação por LED nas arestas, a B6000 possui apenas 3cm de espessura, comparados com os 7,9cm da B650. Quando você dá um passo além e compara as iluminações traseira e lateral da Samsung, a diferença não é tanta: um modelo de 46” da série 8000, com iluminação lateral, custa 2300 dólares (indisponível no Brasil ainda), enquanto a série 8500 com dimmer local custa 2600 dólares. (Se você já paga pela tecnologia LED, você definitivamente quererá dar este passo além.)

Então sim, aparelhos LED com iluminação traseira com dimmer local tendem a custar mais. A Sony Bravia XBR8, que já tem 1 aninho de idade, usa LEDs tricolores para melhorar a precisão das cores em relação à maioria dos aparelhos LED, que usa apenas brancos. Apesar de a sua produção ter sido descontinuada, ela ainda custa aproximadamente 2200 dólares com 46”. No entanto, a Toshiba oferece aparelhos consistentemente mais baratos que a maioria das suas concorrentes "de nome", e seu aparelho LED de 46" com iluminação traseira e dimmer local custa apenas 1700 dólares.

Painel e frequência

O painel é outro grande fator que determina quão boa é uma HDTV, aplicando-se tanto às LCDs quanto às plasmas. Geralmente, conforme você aumenta o preço, obtém-se um painel melhor. Aparelhos mais baratos geralmente usam painéis mais antigos com tecnologia da geração anterior que Merson diz ter um ângulo de visão pior, ou seja, há uma área menor de onde você pode olhar para a sua TV e obter uma boa imagem. O problema é que nenhuma fabricante de TV de fato declara os atributos do seu painel na descrição do aparelho, então geralmente você precisa se virar para descobri-los. A melhor maneira é ir até a loja e fisicamente verificar os ângulos de visão.

Hertz, para os leigos, é basicamente a quantidade de vezes por segundo que as TVs de LCD atualizam suas imagens (a plasma não faz parte desta discussão porque os pixels de fósforo funcionam diferentemente que os de cristal líquido, e a taxa de atualização seria bem maior — a ponto de ser irrelevante). Uma LCD de 60Hz atualiza a imagem 60 vezes por segundo, uma de 120Hz atualiza 120 vezes por segundo, assim por diante, até 240Hz nos aparelhos LCD mais caros. Uma taxa de atualização maior teoricamente aumenta a capacidade de enxergar vídeo em rápido movimento com o máximo de resolução pretendida e em geral funciona bem. Mas, como eu disse, isso é na teoria. Há alguns problemas na reprodução a 240Hz. Neste aspecto, todas as LCDs de alto padrão operam a no mínimo 120Hz, diz Merson. Não há um único aparelho com iluminação traseira por LED que não tenha esta taxa.

Eis como ficam os incrementos de taxa de atualização: a Samsung B550 de 46" é o aparelho padrão 1080p com iluminação traseira CCFL, na faixa de R$3755. Já passando para a B650, de mesmo tamanho, por R$4500 — R$750 a mais — você já pega um aparelho de 120Hz (além de uma razão de contraste maior). Subindo mais um pouquinho, a B750 (que não encontrei no Brasil, mas se tivesse a diferença de preço seriam outros R$750) você já tem uma de 240Hz, e novamente uma razão de contraste ainda melhor. Este é mais ou menos o topo da linha Samsung de aparelhos com iluminação traseira CCFL.

Você vê a mesma coisa com os seus aparelhos LED: a B6000 de 46" é um aparelho com iluminação lateral por LED que opera a 120Hz por R$6500 (1850 dólares nos EUA). Já a B8000 pula para 240Hz e custa 2300 dólares nos EUA, aproximadamente 450 dólares a mais (preço ainda indisponível no Brasil).

E as plasmas?

Conforme mencionamos, as plasmas são um pouco menos complicadas, já que não este atributo de taxa de atualização para se preocupar. Por outro lado, a situação talvez seja um tanto mais obtusa, já que nem sempre você sabe quais são as verdadeiras diferenças. Merson diz que há alguns níveis básicos de desempenho de plasma. Durante a famosa Sexta-Feira Negra nos EUA, a rede Walmart estava vendendo uma plasma de 50" por míseros 598 dólares para quem não se importava com o fato de ser 720p (e da marca Sanyo, que provavelmente é da Panasonic, mas vai saber?). Subir para as plasmas 1080p de 50" geralmente custariam 300 a 400 dólares a mais, comprando-se lá, porque esta diferença aqui costuma significar uns R$1000 a R$1500.

No entanto, existem outros problemas. A Panasonic possui um painel novo chamado NeoPDP que é mais eficiente no consumo de energia, mas às vezes é difícil dizer quais modelos têm e quais não (dica: procure pelo adesivo Energy Star nos EUA, equivalente ao nosso Procel). Por último, temos os painéis com certificação THX que oferecem calibração praticamente perfeita naturalmente. Além disto, as razões de contraste de fato tendem a melhorar com o tempo, mas isso é relativo: entre as HDTVs mais baratas, os aparelhos de plasma geralmente proporcionam imagens melhores que as LCDs.

Frescuras e outras coisas

O engraçado sobre TVs atualmente é que há muito mais sobre elas do que apenas as telas. Por exemplo, as entradas. Até recentemente, uma das coisas que vinha a mais quando você pagava mais grana era buraco onde se enfiar coisas. Não é exatamente assim quando você chega nos aparelhos de 46" — você terá 4 entradas HDMI em um aparelho deste tamanhão, independente de qualquer outra coisa. Mas existem outros fatores atualmente. Como serviços de vídeo que vêm em outros buracos, ou mesmo absolutamente sem nenhum fio.

Um exemplo disto, usando nossas velhas amigas da Samsung: a B6000 se parece bastante com a B7000, mas na B7000, por R$1400 a mais (na versão de 40”, ou R$1900 a mais na de 55”), você tem acesso a serviços de vídeo por meio da engine de widget do Yahoo, como o YouTube.

Ou então, vejamos a fornada futura de TVs de LED que nem saíram ainda, ou estão com distribuição limitada por enquanto. Tanto a LG 55LHX quanto a Sony Bravia XBR10 têm HDMI wireless e operam a 240Hz, mas com Bravia Internet Widgets e rádio Slacker, a Bravia custa 5 mil dólares, 200 dólares a mais que a 55LHX. O HDMI wireless por si só já é um recurso bem carinho. A mesma Sony, comparada com a Samsung 8500 agora. A 8500 possui serviços de vídeo embutidos, mas nada de HDMI wireless, e custa 500 dólares a menos, por 4500 dólares. Ah, e eu falei que a Sony é até 3" menor que a Samsung e a LG?

Os recursos wireless ainda estão na fase dos acessórios de propaganda, mas a partir do ano que vem creio que poderemos acompanhar o seu incremento de preço tão bem quanto podemos fazer com o tamanho, taxa de atualização, iluminação traseira e outros fatores atuais, com incrementos de 300 a 400 dólares para cada passo. Como você chega de R$2 mil a R$20 mil? Simples. Basta você acrescentar, depois acrescentar mais um pouco, e daí continua acrescentando.

 

NT: todos os preços, em reais, foram pesquisados usando o site www.bondfaro.com.br como referência

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