Ficou sabendo desta? O Bluetooth 3.0 soa como uma especificação fantasia: velocidade Wi-fi, tempo de resposta mais rápido e uso de energia mais eficiente. Eis uma cartilha rápida sobre Bluetooth e o porquê do Bluetooth 3.0 arregaçar agora.
Por que o Bluetooth é azul?
Vamos começar pelo início: como você provavelmente já sabe, o Bluetooth é um protocolo wireless mantido pelo Grupo de Interesse Especial Bluetooth (SIG). O que você provavelmente não sabe é que na verdade o nome dele veio de um rei dinamarquês do século X, Rei Haroldo I, também conhecido como Haroldo Blatånd (que em dinamarquês significa Dente Azul) que unificou a Escandinávia. Foi para isso que o Bluetooth foi projetado para fazer, exceto que ele está unificando os aparelhos – em vez de hordas vikings – com um padrão wireless universal. O símbolo para o Bluetooth inclusive vem das runas das iniciais do Harold ‘Bluetooth’, H e B.
Detalhes básicos
O Bluetooth é um design wireless de curto alcance para redes de área pessoal que opera nas bandas entre 2,4 e 2,485GHz. O núcleo da tecnologia de rádio é que ela usa um sinal de espalhamento espectral que salta entre 79 diferentes frequências, o que o deixa menos propenso a interferência de outros dispositivos usando 2,4GHz na mesma área – tipo tudo atualmente. Ele é projetado para gastar pouca energia, mas o padrão possui três classes diferentes de potência, usando mais energia para transmitir mais longe. A maior parte dos aparelhos móveis é Classe 2, usando aproximadamente 2,5mW para um alcance de 10 metros, mas os de Classe 1 chegam a alcançar 30 metros usando 100mW.
Perfis, ou a parte onde a coisa fica confusa
A especificação Bluetooth é uma série de perfis, que você pode pensar como sendo capacidades semelhantes. Os dispositivos precisam ter perfis compatíveis para poderem fazer com que certa mágica aconteça. Por exemplo, o perfil de Distribuição Avançada de Áudio (A2DP) descreve como fazer streaming de áudio estéreo, como para headphones de um MP3 player. Sem A2DP, sem estéreo. E tem uma toneladas destes, desde FTP (perfil de transferência de arquivos) a perfil de headset, que define como um headset Bluetooth deve conversar com um gadget. Você também tem protocolos de núcleo, como permuta de objeto (OBEX), que permite que você troque arquivos entre dispositivos Bluetooth.
Versões de especificação Bluetooth
• O Bluetooth 1.0, pra resumir em uma única palavra, era uma bosta. A ridícula conexão de 1Mbps era repartida entre dados e voz, então na verdade você só tinha taxas de transferência de 700Kbps (com muita sorte) e só podia se ligar a um único dispositivo por vez.
• O 1.1 consertou parte da bosta do 1.0 e do 1.0B
• O 1.2 foi quando as coisas realmente começaram a melhorar, usando o Salto de Frequência Adaptativo para torná-lo mais resistente à interferência do constante redemoinho 2,4GHz, e Processamento de Voz, assim ele não soa como se você estivesse falando por um triturador de gatos. Possui retrocompatibilidade com a 1.1. O RAZR original possuía Bluetooth 1.2.
• Bluetooth 2.0 + EDR: olá velocidade, adeus energia. Ratificado em 2004, as taxas de transferência de dados foram ampliadas para 2,1Mbps com o Enhanced Data Rate e o consumo de energia foi cortado à metade. É o padrão Bluetooth que fez com que bons headsets fossem possíveis. Tecnicamente, o EDR é opcional, mas por que não tê-lo? O iPhone é um exemplo de 2.0 + EDR, assim como o HTC Touch Pro e o Android G1 da T-Mobile.
• Bluetooth 2.1 + EDR acrescentou ainda mais melhorias à especificação Bluetooth 2 – melhor, emparelhamento mais rápido, com menos passos e ainda menos consumo de energia, dependendo do que você está fazendo. Também acrescenta suporte para NFC (Near Field Communications) para ter emparelhamento completamente automágico.
Bluetooth 3.0 + HS e Bluetooth baixa energia
Olha só, você ainda está lendo, que bom. A Bluetooth Core Specification 3.0 + High Speed foi formalmente adotada há uma semana.
O grande lance é que possui velocidades insanamente rápidas de transferência de dados, de até 24Mbps (rápidas para um Bluetooth, diga-se de passagem), graças ao fato de montar em cima de um bom e velho rádio Wi-fi 802.11. O rádio Bluetooth padrão é usado para a parte chata de baixa intensidade, como perfis e sei lá mais o que, mas o teste de dados ocorre por 802.11 quando você está fazendo coisas como sincronizar bibliotecas de músicas, baixar fotos para uma impressora ou enviar arquivos de vídeo, assim você só gasta bastante energia quando precisa. O Unicast Connectionless Data é um recurso que tornará os dispositivos mais responsivos (traduzindo: menos lag) e o Enhanced Power Control usará a energia de forma mais inteligente e eficiente (usando assim menos, embora a transferência de arquivos pesados como bibliotecas inteiras de músicas obviamente vá sugar bastante energia). Nenhum aparelho tem isso por ora, mas devemos ver isso ao vivo em 9 a 12 meses, o que não é tão distante assim, ainda mais considerando que demorou 4 anos para os primeiros dispositivos Bluetooth 1.0 aparecerem.
Ao mesmo tempo, o Bluetooth SIG revelou que a tecnologia de Bluetooth baixa energia permitirá que os dispositivos gastem energia tão lentamente que eles poderão vir a durar mais de um ano com uma única carga de bateria. É lenta como Bluetooth 1.0 e não tem capacidade de voz, mas será super útil para monitores e sensores e estes tipos de gadgets, permitindo que eles se conectem a computadores maiores e outras coisas do gênero.
Em resumo, este é o mundo maluco do Bluetooth. Viu só, não precisa ser um troço usado apenas por aqueles caras de negócios todos pomposos.