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Glória Maria, referência do jornalismo, morre aos 73 anos

A jornalista, primeira negra de destaque na TV brasileira, estava internada, tratando um câncer, mas a causa de sua morte ainda não foi confirmada. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura. Veja sua carreira e a repercussão de sua morte

Glória Maria

Foto: Globo/Ramón Vasconcelos

“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”. Foi com esta frase que a TV Globo comunicou a perda de uma referência do jornalismo brasileiro. Glória morreu nesta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, aos 73 anos. A profissional, que fez história como a primeira negra de destaque na TV, estava internada, tratando um câncer, mas a causa da morte não foi confirmada ainda.  

O texto da Globo segue: “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia. Sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente. Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”.

Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. Glória deixa duas filhas, Laura e Maria”, completa o texto. 

Glória Maria estava afastada do Globo Repórter há mais de três meses, por conta do tratamento. Estava à frente do programa há 12 anos, e o último apresentado pela jornalista foi a edição do dia 5 de agosto de 2022. 

A carreira

Um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, Glória Maria Matta da Silva nasceu no bairro de Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos até chegar ao ensino superior na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio).

Glória também chegou a conciliar a faculdade de Jornalismo com o emprego de telefonista da Embratel. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser radio escuta da Globo do Rio. Em uma época sem internet, era ouvindo as frequências da polícia que se descobria o que acontecia na cidade. Fazer uma ronda de telefone, ligando para batalhões e delegacias, também era tarefa da jornalista.

Na Globo desde 1971, a carioca foi a primeira repórter a entrar ao vivo e, em cores, no Jornal Nacional. De 1998 a 2007, apresentou o Fantástico e, desde 2010, integrava a equipe do Globo Repórter. Ela atuou também no Jornal Hoje, Bom Dia Rio e RJTV. Em suas reportagens, mostrou mais de 100 países e protagonizou momentos históricos, passando pela Europa, África e parte do Oriente. 

Ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, e por entrevistar celebridades como Michael Jackson, Elton John, a banda Queen, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna. Cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.

A jornalista cobriu a Guerra das Malvinas (entre Argentina e Inglaterra, em 1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

Após dez anos na apresentação do Fantástico (1998 a 2007), Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura.

Repercussão

Após a notícia da morte de Glória Maria, o Presidente Lula se pronunciou: “Recebo com muita tristeza a notícia da morte de Glória Maria, uma das maiores jornalistas da história da nossa televisão. Glória foi repórter em momentos marcantes do Brasil e do mundo, entrevistou grandes nomes e deixou sua marca na memória de brasileiros e brasileiras”. 

Além de Lula, a Ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, também se manifestou: “Acabamos de receber a notícia de que Glória Maria faleceu. Meus sentimentos à família. Quem é mulher negra sabe da importância de tê-la visto na televisão. Glória é considerada a primeira repórter negra da televisão e sempre será lembrada como sinônimo de competência”.

Vários colegas de emissora também se manifestaram. Na Globonews, a apresentadora Leilane Neubarth, emocionada, relembrou momentos de convivência com Glória Maria e também exibiu vídeos com mensagens de William Bonner, Sandra Annemberg e Pedro Bial. Leilane, que também fez um post no Instagram, fez uma entrevista ao vivo com Zeca Camargo, que apresentou o Fantástico junto com Glória.

Outro entrevistado por Leilane foi o apresentador Serginho Groisman, do Altas Horas. Ele se disse devastado, apesar do conhecimento da doença dela, e lembrou que Glória Maria foi 15 vezes ao seu programa. Citou uma passagem marcante da entrevista que ela concedeu durante a pandemia e recordou a quantidade de passaportes que possuía, resultado das inúmeras viagens da jornalista em suas reportagens mundo afora.

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