Google abandona competição por contrato com exército dos EUA em meio a pressão de funcionários

O Google abandonou a competição para um projeto de computação em nuvem do Pentágono que poderia valer até US$ 10 bilhões e durar até uma década, citando um possível conflito com seus valores corporativos, informou a Bloomberg na segunda-feira (8). • Estes 23 princípios podem nos ajudar a evitar o apocalipse com a inteligência artificial • Google recua […]

O Google abandonou a competição para um projeto de computação em nuvem do Pentágono que poderia valer até US$ 10 bilhões e durar até uma década, citando um possível conflito com seus valores corporativos, informou a Bloomberg na segunda-feira (8).

• Estes 23 princípios podem nos ajudar a evitar o apocalipse com a inteligência artificial
• Google recua de parceria com governo dos EUA e diz que sua IA não será usada para armas ou vigilância

O projeto JEDI (Joint Enterprise Defense Infrastructure), que envolve a transferência em massa de dados anteriormente geridos por terceirizados de defesa para um concorrente comercial, oferece um potencial de pagamento grande o bastante para atrair a atenção de gigantes como Google, Amazon e Microsoft. As licitações acontecem já nesta quarta-feira (12). Entretanto, a Bloomberg noticiou que o Google agora está abandonando a busca pelo contrato porque ele pode violar seus “princípios de inteligência artificial”, isso poucos meses depois de decidir não renovar um contrato separado com o Pentágono de revisão de imagens de drones, chamado Project Maven:

O anúncio do Google na segunda-feira veio apenas meses depois de a empresa decidir não renovar seu contrato com um programa de inteligência artificial do Pentágono, após longos protestos de funcionários da gigante da internet contra o trabalho conjunto com os militares. A empresa então lançou um conjunto de princípios projetados para avaliar que tipo de projetos de inteligência artificial ela buscaria.

“Não faremos lances para o contrato do JEDI porque, primeiro, não pudemos ter certeza de que ele se alinharia a nossos princípios de IA”, disse um porta-voz do Google em um comunicado. “E, segundo, determinamos que havia partes do contrato que estavam fora do escopo de nossas certificações governamentais atuais.”

Bloomberg acrescentou que um porta-voz do Google disse que, se um esforço por parte de uma série de empresas, entre elas Microsoft, International Business Machines Corp. e Oracle Corp, para dividir o contrato em partes tivesse sucesso, a empresa poderia ter “enviado uma solução convincente para porção dele”.

A decisão de se retirar do Project Maven aconteceu depois de milhares de funcionários assinarem uma petição pedindo à empresa para parar de trabalhar com os militares, com diversos empregados pedindo demissão em protesto. Fontes disseram ao Gizmodo que a CEO do Google Cloud, Diane Greene, caracterizou a questão como uma enorme dor de cabeça para a gestão. Embora o Maven em si tivesse um valor limitado para a empresa, executivos seniores do Google supostamente o viam como uma porta de entrada para contratos lucrativos de defesa envolvendo projetos como sistemas de vigilância que poderiam monitorar cidades inteiras.

O projeto JEDI poderia ter sido usado para oferecer suporte a operações de combate, levantando ainda mais sinais de alertas éticos. Neste ano, o Defense One noticiou que o cofundador do Google Sergey Brin e o CEO da empresa, Sundar Pichai, foram essenciais para despertar o interesse do Pentágono em computação em nuvem, embora a empresa tivesse apenas buscado silenciosamente um contrato, temendo uma reação forte de seus funcionários. O site explicou que o JEDI basicamente colocaria os funcionários do Google em posições eticamente comprometedoras, de fornecimento de suporte a combate para o exército dos EUA:

As necessidades de serviços de nuvem do Departamento de Defesa estão diretamente relacionadas com suas ambições por equipamentos de rede para guerras no ar, no mar, na terra, no espaço e no ciberespaço. Esse fornecedor da nuvem estará ajudando os militares a atingir alvos e executar missões melhor e muito mais rápido, mesmo que a nuvem não esteja formalmente envolvida na seleção do alvo, um serviço que o Pentágono reafirma que continuará sendo feito por tropas humanas no futuro próximo.

Em março, informou o Defense One, o chefe de gabinete da Força Aérea dos EUA, David Goldfein, disse: “Quando olhamos para o futuro e discutimos não apenas como conectamos sistemas e computadores no limite tático — a maioria das coisas sobre as quais estamos falando é computadores autônomos —, temos uma oportunidade real de perguntar: ‘Como os conectamos?’… Como poderíamos acelerar a tomada de decisões a ponto de termos humanos fazendo apenas o que os humanos precisam fazer?”.

Em um comunicado à Bloomberg, a Tech Workers Coalition (Coalizão de Trabalhadores de Tecnologia) disse que a pressão “contínua” de funcionários que se opõem ao envolvimento do Google no JEDI mostrou que os trabalhadores “têm poder significativo e estão cada vez mais dispostos a usá-lo”.

Acredita-se que o grande favorito a conseguir o contrato seja a Amazon, que já tem um contrato de US$ 600 milhões com a CIA. Como escreveu o Washington Post, a Amazon é também uma das únicas grandes empresas que apoiaram uma abordagem única, de “o vencedor leva tudo”, ao processo, enquanto outros competidores reclamaram que isso poderia basicamente criar um monopólio nos contratos de computação em nuvem com os militares no futuro.

[Bloomberg]

Imagem do topo: AP

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