O Google acabou de adquirir um pedaço da história dos Estados Unidos no Vale do Silício. A NASA anunciou que a Planetary Ventures LLC, subsidiária do Google, vai assumir o controle do Aeródromo Federal Moffett, incluindo o icônico Hangar One, antiga casa de alguns dos maiores dirigíveis dos EUA.
Bem, isso é estranho. O que o Google pretende fazer com um hangar histórico de dirigíveis em um aeródromo? Eles vão lotá-lo de robôs? Construir uma imensa loja de Google Glass? Ou tem algo a ver com aquelas misteriosas barcas?
A verdade, infelizmente, não é tão impressionante como você pode imaginar. O mais provável é que o Google tenha alugado a instalação para estacionar alguns jatos privados dos seus executivos, alguns dos quais já ficam no Aeródromo Moffett. Isso é, após alguns executivos do Google causarem um rebuliço quando surgiram relatos de que eles estavam abusando do relacionamento da empresa com o Centro de Pesquisa Ames da NASA, de quem o Google havia arrendado 16,1 hectares por 110.000 metros quadrados da instalação de pesquisa e desenvolvimento. Aparentemente, os executivos do Google estavam comprando combustível barato de jatos da NASA que estavam sendo subsidiados por contribuintes dos EUA. A NASA admitiu isso em dezembro.
Controvérsia de lado, o Google assumir o controle de Hangar One pode ser uma boa notícia, especialmente para quem gosta de história militar. Recentemente, muitos achavam que ele seria derrubado, já que há tempos não é usado.
A estrutura enorme foi construída em 1932 pelo Doutor Karl Arnstein da Goodyear Zeppelin Corporation em Akron, no estado de Ohio, para guardar o USS Macon, da Marinha dos EUA. Com um terreno tão grande que pode acomodar oito campos de futebol, o Hangar One é uma das maiores estruturas autônomas do mundo. É tão grande que às vezes um nevoeiro se forma ao redor do seu teto.
Os dias em que o Hangar One guardava aeronaves estavam contados. Com o acidente do Macon em 1935, os EUA mudaram seu foco para aviões, e o exército assumiu o controle do Aeródromo Miffett, transformando-o em um centro de treinamento na Costa Oeste para a Air Corps, antecessora das Forças Aéreas dos EUA. Nas décadas seguintes, a base se tornou integrada em todos os conflitos, da Segunda Guerra Mundial à Guerra Fria. Foi também lar de alguns dos primeiros jatos supersônicos, mas o barulho incomodou alguns residentes do Vale do Silício e os aviões se mudaram para o Vale San Joaquin em 1961.
A NASA assumiu o controle de Moffett e do Hangar One em 1994. Fazia sentido na época, já que ela operava o Centro de Pesquisa Ames havia cinco décadas, mas ele acabou gerando mais problemas do que qualquer outra coisa. A agência descobriu no final da década de 1990 que a tinta do edifício havia decomposto e transformado a areia contida nela em partículas perigosas de bifenilos policlorados.
O completo então foi desativado, e a Marinha foi chamada para limpar a bagunça. Em 2008, decidiu-se remover todas as estruturas laterais e interiores, deixando apenas o esqueleto do Hangar. Executivos do Google ofereceram o pagamento de US$ 33 milhões para restaurar o hangar em 2012, e a NASA aceitou.
Então a boa notícia agora é que o Hangar One ficará onde está. A NASA segue buscando o setor privado para ter receita já que seu orçamento diminui a cada ano. Com o dinheiro do Google, a NASA conseguirá restaurar o Hangar One, reabilitar dois outros hangares na mesma região, construir uma instalação educacional, e até consertar um campo de golfe. O Google pode usar o hangar; a NASA ganha um campo de golfe. Todos saem ganhando. [Wired]
Imagens via NASA / Ames / Geoff Manaugh