Google desenvolve MusicLM, app “primo” do ChatGPT que gera músicas

App do Google se chama MusicLM e cria músicas (quase) inéditas via inteligência artificial
EUA x Google: julgamento começa nesta terça (12); entenda o que está em jogo
Imagem: Tim Reckmann/CC/Reprodução

O Google está por trás de um projeto que pode transformar o show business: um app parecido com o ChatGPT, mas dedicado a gerar músicas (quase) inéditas. Por enquanto, o sistema se chama “MusicLM”, como mostra artigo publicado na quinta-feira (26). 

Na publicação, o Google se refere à plataforma como um “modelo que gera música de alta fidelidade a partir de descrições de texto”. Na prática, o bot pode criar canções a partir de comandos ou histórias que refletem épocas ou sentimentos, por exemplo. 

O funcionamento se parece com o ChatGPT: basta que o usuário insira um prompt detalhado, com o estilo ou gênero que deseja executar. As possibilidades são infinitas e vão desde “som espacial em ritmo pop rock” até “fusão de samba lo-fi e funk carioca”. 

O robô também é capaz de criar uma nova música ao escutar sons emitidos pelo usuário, como assobios, sussurros ou cantorias. Segundo o artigo, a IA deve ser capaz de produzir músicas com até cinco minutos. 

Mas é improvável que a tecnologia saia tão cedo. O Google falou sobre a plataforma discretamente e não estipulou uma data de lançamento. Na apresentação, diz apenas que, nos experimentos, o MusicLM superou os sistemas anteriores tanto em qualidade de áudio quanto em aderência à descrição do texto. 

Direitos autorais em cheque 

Assim como o ChatGPT, que aprendeu tudo o que sabe com base em milhões de textos escritos por humanos disponíveis online, o Google treinou o app MusicLM a partir de músicas protegidas por direitos autorais. Por isso, a big tech diz que “até 1%” das novas canções podem “ter associação” com músicas existentes. 

Essa indicação levanta a discussão sobre como os sistemas de IA burlam as leis que protegem o trabalho de artistas, escritores e jornalistas, por exemplo. É o caso do site CNET, que usou IA para escrever artigos – mas não avisou ninguém. Pouco depois, leitores alertaram que os robôs estavam plagiando textos do próprio site. 

Em outro caso recente, a empresa de banco de imagens Getty Images processou a criadora do Stable Diffusion, serviço que gera imagens a partir de textos. O motivo: a empresa copiou e processou milhares de imagens protegidas por direitos autorais para treinar o sistema de IA. 

Enquanto isso, escolas e universidades dos EUA proibiram o ChatGPT para evitar o uso indiscriminado da plataforma nas tarefas de salas de aula. 

Até agora, as plataformas de IA generativa concedem o direito de propriedade intelectual a quem solicita a criação. Mas é possível – e até provável – que novas leis sejam criadas para discorrer sobre a questão. 

A legislação do Brasil em direitos autorais, por exemplo, está pelo menos 20 anos atrasada em questões tecnológicas, escreveu Daniel Campello, pesquisador sobre direitos autorais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), no jornal O Globo

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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