O Google cedeu pela primeira vez na história à pressão de órgãos regulatórios e vai modificar seus resultados de busca. A empresa chegou a um acordo com órgãos antitruste da União Europeia, e, assim, evitou “milhares de milhões de dólares em potenciais multas“, informa o Wall Street Journal.
Os órgãos antitruste europeus acusavam o Google de “usar seu domínio nas buscas para excluir rivais e espremer seus clientes.” Não é só no Velho Mundo que uma investigação como esse ocorreu – nos EUA, órgãos federais passaram 20 meses em uma investigação bastante parecida antes de decidirem que o Google não fazia nada de errado.
O resultado do acordo não deve agradar muito concorrentes do Google. Ele ainda precisa ser aprovado, mas vai permitir que a gigante das buscas evite não apenas uma multa equivalente a 10% da sua receita global anual, como também não exigirá um reconhecimento de que fez algo ruim. Segundo o WSJ:
Muito dinheiro está em jogo. O Google registrou um aumento de 17% na receita no último trimestre do ano, liderado por um ganho de 31% em cliques de publicidade online. Mas a receita do Google por clique está caindo, aumentando a pressão para a venda de anúncios mais caros como aqueles no topo das páginas.
O Financial Times destaca o que o Google deve fazer segundo o acordo. Em primeiro lugar, vai mostrar resultados de busca de maneira diferente, e assim os resultados patrocinados serão marcados como patrocinados e não terão muito destaque. Outras mudanças incluem:
2) Como o Google usa o material de outros sites de busca
Uma busca do Google agora vai automaticamente mostrar reviews de, digamos, TripAdvisor e Yelp. A União Europeia quer que o Google permita a esses sites rivais optarem por terem ou não o material mostrado. O Google concordou.
3) Publicações
A comissão sente que sites que mostram (e ganham dinheiro a partir de) publicidade em buscas do Google estão bloqueados para usar a publicidade das buscas do Google exclusivamente. O Sr. Almunia quer que o Google permita a esses sites usarem publicidade de qualquer lugar. O Google concordou.
4) Anunciantes
A comissão teme que anunciantes que projetam campanhas na plataforma Google AdWords (a usada para publicidade em buscas) acham difícil demais transferir essas campanhas para serviços rivais. O Google concordou em não mais impor obrigações que dificultem isso.
Não é nenhuma mudança radical, e é por isso que, como o WSJ destacou, rivais como Microsoft e Nokia “imediatamente atacaram o acordo”.
Mas é mais do que já foi feito em qualquer outra parte do mundo. No final da investigação nos EUA, o Google fez algumas “mudanças voluntárias” como permitir que Yelp e outros anunciantes optassem pelo Google descartar seu conteúdo, assim como simplificar o processo de anúncios para dar ao Bing alguma chance.
A Europa, portanto, terá um Google bastante diferente do que estamos acostumados a ver aqui no Brasil – ou em qualquer outra parte do mundo.