GPS deve passar por “bug do milênio” no mês que vem, mas falha só afetará aparelhos antigos
Você sabe onde você estará em 6 de abril de 2019? Se você depende muito do GPS, talvez não consiga responder essa pergunta quando essa data chegar. Isso porque a tecnologia de navegação GPS foi originalmente criada com um sistema de cronometragem sem perspectivas de longo prazo. Esse sistema que será resetado no próximo mês, e isso pode causar o caos.
Quando o bug do milênio ameaçou deixar sistemas de computadores globais fora de sintonia na virada do milênio, isso deixou todo mundo em pânico. Todos esperavam que nosso mundo recém-conectado desmoronasse ao ritmo da meia-noite. Quando chegou a hora, porém, vimos que o hype foi exagerado e os erros que ocorreram tiveram um impacto relativamente menor que o previsto.
É provavelmente por isso que uma falha semelhante em sistemas GPS mais antigos passou despercebida — simplesmente nos recusamos a cair nessa história novamente.
O GPS foi originalmente projetado para registrar os sinais de timestamp (etiqueta de tempo) usando um sistema que conta as semanas. Ele usa um campo de 10 dígitos que chega a 1024 semanas (o que dá aproximadamente 19,7 anos). O tempo de um sinal enviado por satélite é expresso em semanas e segundos naquela semana.
O sistema funciona assim: um receptor de GPS no solo tem que pegar o sinal de mais de um satélite e usar a data e a hora transmitida como parte dos cálculos que usa para determinar sua localização. Uma vez que o campo de dez dígitos em dispositivos que usam o sistema chegue em seu limite, ele é zerado. Isso pode causar problemas.
O US Naval Observatory divulgou um pequeno conjunto de perguntas e respostas para tirar dúvidas sobre o assunto em 2017. O órgão também avisou que a conversão mês/ano do receptor GPS poderia falhar e que etiquetas de tempo incorretas poderiam “corromper os dados de navegação no nível do sistema”.
Um recente memorando do Departamento de Segurança Interna dos EUA segurança explicou que “um erro de nanossegundo no tempo de GPS pode equivaler a um pé [30,48 cm] de erro de posição (variação)”. É claro que um erro de 19,7 anos tem o potencial de tornar os dados de navegação inúteis.
Você deve ter medo disso? Em uma escala de um a dez, vou dar uma nota dois. Um motivo para relaxar é que já passamos por isso antes. Em 21 de agosto de 1999, os contadores de GPS foram redefinidos com pouca interrupção na vida diária. Só que, naquela época, o sistema de posicionamento não era tão onipresente quanto é hoje.
Ainda assim, nesta Segunda Época do GPS, previmos que este momento iria ocorrer. Por isso, os dispositivos modernos fabricados depois de 2010 são em grande parte projetados com um contador de semana de 13 bits, que só precisa ser zerado a cada 157 anos.
Se você gosta de viver seguindo o ditado “o seguro morreu de velho”, sugiro que leia os comentários que o vice-presidente da Trend Micro, Bill Malik, deu em entrevista ao Tom’s Guide. Malik disse que ele não voará naquele dia e prevê outros possíveis problemas de segurança.
“Os portos carregam e descarregam contêineres automaticamente usando o GPS para guiar os guindastes”, explicou ele. “Sistemas de segurança pública incorporam sistemas de GPS, assim como sistemas de monitoramento de tráfego para pontes. Vinte anos atrás, esses links eram primitivos. Agora eles estão incorporados. Então, qualquer impacto agora será substancialmente maior.”
Se sua principal maneira de interagir com os sistemas de GPS vem do seu smartphone, provavelmente você está preparado. Se você utilizar sistemas GPS mais antigos que não atendam aos padrões IS-GPS-200, o Departamento de Segurança Interna dos EUA recomenda que você entre em contato com o fabricante com perguntas.
Mas, se navios de carga colidirem com as docas e aviões baterem nas montanhas no dia 6 de abril, não diga que não avisamos.
[Tom’s Guide, DHS, GPS.gov]