Telegram prepara sua própria moeda, enquanto a do Facebook está sendo criticada por todo mundo

O Gram, como é chamada a nova moeda, terá uma estrutura descentralizada similar ao Bitcoin, o que facilitaria se desvencilhar de regulamentações do governo.

Enquanto o Facebook se esforça para manter um discurso otimista em torno da Libra, sua moeda digital, o Telegram também decidiu entrar no jogo, segundo o The New York Times.

Três investidores que conversaram recentemente com o Telegram teriam afirmado ao jornal norte-americano que a empresa pretende lançar sua moeda, chamada Gram, já nos próximos dois meses.

Seguindo a mesma premissa que a Libra, o aplicativo de mensagens afirma que o Gram se tornará “uma nova moeda online e uma forma de movimentar dinheiro de qualquer lugar do mundo”, diz o NYT.

Porém, ao contrário do Facebook, o Telegram está adotando uma estratégia mais discreta e silenciosa. Isso não significa necessariamente que o Gram escapará das críticas e questionamentos que assolam a Libra atualmente. Pelo contrário, toda essa confidencialidade pode levantar mais suspeitas ainda.

O próprio aplicativo de mensagens já nasceu com características que desagradam algumas autoridades. A possibilidade de se comunicar por meio de mensagens criptografadas, por exemplo, fez com que o app se popularizasse entre terroristas, manifestantes e pessoas contrárias a governos.

Portanto, a ideia de uma moeda capaz de contornar regras impostas pelo governo é mais do que suficiente para gerar preocupações. A própria Libra está sendo fortemente criticada por reguladores que levantaram, inclusive, a questão sobre a possibilidade de a nova moeda ser utilizada de forma mal-intencionada, para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, por exemplo.

Além disso, conforme aponta o New York Times, o Gram terá uma estrutura descentralizada similar ao Bitcoin, o que facilitaria se desvencilhar de regulamentações estatais. Com a moeda sendo governada por uma rede de computadores descentralizada, o Telegram não teria controle sobre como e onde as transações monetárias aconteceriam, informa o jornal.

Outra preocupação é a instabilidade do Gram em relação à Libra. Enquanto a moeda do Facebook é baseada em dinheiro tradicional mantido em contas bancárias, o Gram será como o bitcoin, podendo perder ou aumentar seu valor de forma imprevisível.

Ainda assim, em meio a tantas incertezas, o Telegram conseguiu US$ 1,7 bilhão em investimentos para alavancar a sua moeda digital. A empresa prometeu em documentos legais, segundo o NYT, que os investidores veriam o Gram até 31 de outubro deste ano.

O aplicativo de mensagens ainda afirmou que pretende lançar uma versão teste do Gram nas próximas semanas, de acordo com relato dos investidores ao jornal. A promessa é que essa rede de moedas digitais possa ser utilizada de diversas formas. O NYT cita como exemplo sites em que “usuários possam pagar uns aos outros por bons comentários ou fazer pequenas apostas em eventos futuros”.

Agora, como o Telegram vai tornar esse sonho realidade, passando pela aprovação de governos, autoridades e reguladores até 31 de outubro, ainda é um grande mistério.

[The New York Times]

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas