Gravuras de “pipas do deserto” de 9 mil anos são as plantas mais antigas do mundo

Arqueólogos encontraram as plantas arquitetônicas mais antigas de que se tem notícia: dois monólitos com representações precisas na Jordânia e na Arábia Saudita, conhecidas como “pipas do deserto”. As representações são de 7 a 9 mil atrás, e as descobertas apareceram em estudo publicado este mês na revista PLoS ONE.

Pipas do deserto são enormes construções de pedra pré-históricas, geralmente percebidas por imagens aéreas ou de satélite.

As formas variam, mas a estrutura básica é formada por paredes baixas de pedras (a “rabiola” da pipa) que convergem para um cercado (o “corpo” da pipa). Dessa forma, também há fossos nas bordas do cercado. Confira abaixo:

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Pipas do deserto com formas variadas na Jordânia (acima, à esquerda), na Síria (duas imagens à direita) e no Cazaquistão. Imagem: Olivier Barge/Reprodução

Na última década, pesquisadores encontraram mais de seis mil pipas do deserto no Oriente Médio. Mas também na Ásia Central e no norte da África, com menos de cem metros ou muitos quilômetros de extensão. 

Porém, a função das pipas é misteriosa. Mas os arqueólogos suspeitam que elas faziam parte de estratégias de caça: grupos de animais, como gazelas, seguiriam as linhas de pedra ou seriam perseguidos e direcionados para o corpo da pipa. Lá, os caçadores matariam os animais encurralados e usariam os fossos para prender aqueles que tentassem escapar.

Como descobriram as pipas do deserto

Rémy Crassard, arqueólogo do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, e seus colegas estavam em pesquisas de campo no sudeste da Jordânia e no norte da Arábia Saudita. Foi quando encontraram as gravuras enigmáticas feitas em pedras gigantes.

“Quando olhamos para as imagens de satélite e aéreas que fizemos no campo, [percebemos que] era como um desenho das pipas reais nesta área”, disse Mohammad Tarawneh, arqueólogo da Universidade Al-Hussein Bin Talal (Jordânia) e autor do estudo ao New York Times.

Monólito na Jordânia tem gravura semelhante à visão aérea de uma pipa do deserto encontrada na região.

Então, a equipe usou modelos matemáticos para comparar a geometria das gravuras com 69 pipas de várias regiões. E descobriram que as pipas próximas eram mesmo as que mais se assemelhavam com os desenhos. Eles também desvendaram que as representações foram feitas em escala.

Ainda não está claro, porém, se eram mesmo plantas para ajudar na construção das pipas. Em suma, as gravuras também podem ter servido como mapas para os caçadores da região. Ou mesmo como comemorações simbólicas das pipas do deserto, que podem ter sido parte importante da cultura dos povos que as fizeram.