Greve em Hollywood acende alerta para produtores e sindicatos no Brasil
Desde maio, roteiristas que são membros da WGA (Writers Guild of America), nos EUA, estão em greve. Agora em julho, integraram a paralisação os atores e atrizes de Hollywood do sindicato SAG-AFTRA. As principais reivindicações envolvem o uso de IA (Inteligência Artificial) nas produções, além de reajustes salariais. Nesse sentido, acende um alerta para o debate sobre o tema no Brasil.
Por isso, na próxima segunda-feira (31), representantes do Sindcine (Sindicato dos Técnicos do Cinema e Audiovisual), do Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo), produtores de TV e cinema, além de integrantes de coletivos audiovisuais negros e de periferias, se unem para discutir o futuro das relações entre o setor e os streamings no Brasil.
O evento pretende abordar as principais pautas levantadas na greve dos roteiristas e atores de Hollywood. Ele vai evidenciar o contexto brasileiro, com destaque para a inclusão e representatividade nos sets de filmagem. Além disso, o encontro terá como temas, por exemplo, a remuneração sobre direitos autorais, efeitos do streaming, conjuntura pós Covid, inteligência artificial e panorama dos festivais de cinema no mundo.
Importante destacar que o Brasil é a segunda nação que mais consome serviços destas plataformas, de acordo com o relatório Streaming Global do Finder, de 2021. O país deve amargar prejuízos financeiros com o cancelamento de filmes e séries hollywoodianos. Sônia Santana – presidente do Sindcine – é uma das defensoras de que a greve em Hollywood tenha adesão mundial.
No encontro, a presidente do Sindcine tem como objetivo tratar sobre os direitos atuais que protegem os artistas brasileiros neste cenário. Diariamente, ela acompanha questões trabalhistas dos profissionais que atuam na produção de séries, filmes e documentários. Ela também é consultada em questões políticas e econômicas relativas ao setor.
Valorização da América Latina
O produtor Fabiano Gullane defende a participação do setor público na mediação entre empresas e artistas. “Pelo menos 85% de todo dinheiro que circula no mercado audiovisual no mundo é destinado a produções de língua inglesa e somente 15% para os outros países da América Latina, Europa, Ásia e África. Sem uma política pública clara e forte que defenda o interesse e o produto nacional, é muito difícil a gente vencer e conquistar um espaço neste mercado tão disputado e marcado pela conquista que os americanos tiveram na área”.
Para Flávia Rocha, diretora de comunicação da AIC, os governos têm o desafio de movimentar-se com rapidez para implementar regulamentações que respondam ao momento atual. Isso porque as legislações de dez anos atrás já não se aplicam à realidade de hoje. Ambos especialistas integram a mesa sobre “Produções Brasileiras nas Plataformas de Streaming”, que ocorrerá na próxima quarta-feira (2)
“A greve em Hollywood chamou a atenção para a urgência de se definir novas diretrizes para o mercado nacional. Tem um efeito de conscientização, colocando pressão para que o assunto entre com força na pauta do governo americano, com efeito também em outros mercados globais”, diz Flavia. “Temos muito a discutir no Brasil”, completa a diretora de comunicação da AIC.
A AIC (Academia Internacional de Cinema), em Higienópolis, sediará as reuniões. O evento é aberto ao público e acontece das 19h às 21h. As inscrições podem ser feitas gratuitamente no site da AIC.
Serviço:
- Local: Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142, Higienópolis, São Paulo (SP)
- Datas: de 31 de julho a 03 de agosto
- Horário: das 19h às 21h