Gripe aviária: com 4 casos suspeitos no Brasil, Butantan desenvolve 1ª vacina para humanos

Primeiro lote de vacina piloto seguirá para testes pré-clínicos. Especialistas alertam que gripe aviária pode causar uma pandemia
vacina em desenvolvimento para gripe aviária
Imagem: Mufid Majnun/Unsplash/Reprodução

O Instituto Butantan anunciou na última quarta-feira (24) que começou a desenvolver a primeira vacina contra a gripe aviária para humanos no Brasil. O primeiro lote piloto está pronto para os testes pré-clínicos, que testam a segurança do imunizante antes que ele seja avaliado num pequeno grupo de voluntários, nos estudos clínicos de fase 1.

A vacina contra a gripe aviária vai utilizar a mesma tecnologia do imunizante contra a influenza sazonal — também produzida pelo Butantan e que já entrega 80 milhões de doses anualmente para distribuição pelo SUS. É uma forma do instituto aproveitar a infraestrutura que já tem e agilizar a produção da vacina.

O diretor do instituto, Esper Kallás, afirmou em comunicado que o desenvolvimento do imunizante começou em janeiro, quando pesquisadores do Butantan começaram a busca por um protótipo de vacina contra a gripe aviária. O Ministério da Saúde também procurou o instituto para discutir a possibilidade de se preparar um estoque estratégico dos imunizantes.

Os testes estão sendo realizados com cepas vacinais que o Butantan adquiriu junto à OMS (Organização Mundial da Saúde) e chegaram ao Brasil via CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos, e pelo NIBSC (Instituto Nacional de Controle e Padrões Biológicos), do Reino Unido.

O surto de gripe aviária

A gripe aviária é provocada pelo H5N1, um subtipo do vírus influenza facilmente transmissível entre aves. Ela se manifesta principalmente em fazendas de criação de galinhas. Elas podem transmitir o vírus para humanos, mas isso é incomum: nos últimos vinte anos, houve 868 casos reportados de H5N1 em humanos, dos quais 53% morreram.

A transmissão do vírus não acontece pelo consumo de aves ou ovos, mas por meio do contato com aves doentes, vivas ou morta. Por isso, a doença costuma aparecer em pessoas que trabalham em fazendas de criação de aves, por exemplo. 

Na última segunda (22), o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional devido aos casos de gripe aviária detectados em aves silvestres. 

O Ministério da Saúde também está monitorando casos suspeitos em humanos: por enquanto, há quatro deles no Espírito Santo. Outros 38 exames foram feitos em moradores do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Eles tiveram contato com aves doentes, mas apresentaram resultado negativo para o vírus H5N1.

O atual surto começou no segundo semestre de 2020, entre as aves, e se acelerou a partir de 2021. Em outubro de 2022, aconteceu o primeiro grande surto de gripe aviária entre mamíferos, em uma fazenda de criação de visons, na Espanha. Este e outros casos da doença levantaram a preocupação de que uma mutação no vírus tenha possibilitado sua transmissão entre mamíferos. Isso o tornaria mais perigoso para humanos.

Já existem vacinas contra o H5N1 mundo afora, tanto para uso em aves quanto em humanos. Há pelo menos oito autorizadas na Europa, nos EUA e em outros países. Porém, o imunizante do Butantan será o primeiro para humanos no Brasil.

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