O Guiabolso promoveu uma série de alterações em seu serviço, desde o nome (que largou o “B” maiúsculo, caso você preste atenção nessas coisas) até o logotipo. Mas o mais importante são as novidades dentro do app, e uma delas, ao menos, parece ser bem promissora, caso cumpra as expectativas: o Guia, uma funcionalidade para te ajudar a gastar melhor o seu dinheiro.
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Em termos simples, o Guia é um recurso que usa inteligência artificial para te dizer como gastar sua grana. Mais especificamente, a funcionalidade traz mensagens com números reais do gasto do usuário e seleciona, por meio de algoritmos, o que é mais relevante para ele.
Segundo o Guiabolso, a novidade vem com uma série de recursos visuais para te ajudar, com alertas de texto, gráficos com informações reais, imagens, vídeos e enquetes. CEO da fintech, Thiago Alvarez diz que a ideia do app renovado é entender as escolhas dos usuários para os ajudar em seus objetivos, sejam eles ganhar mais, gastar melhor ou guardar dinheiro. “Queremos fazer a conta que ninguém te conta, indicar, por exemplo, quando a pessoa está pagando mais tarifa bancária do que deveria”, afirma Alvarez.
Imagem: Guiabolso
O algoritmo do Guiabolso dará conselhos com base em áreas em que você tem gastado muito dinheiro, alertas para taxas de juros ou tarifas, além de incentivos para investir de modo mais eficaz e mensagens de parabenização para incentivar uma boa saúde financeira — apesar dos vários recursos úteis, esse último não parece servir para muita coisa.
Se você não é familiarizado com o app, as informações sobre gastos são obtidas por meio de um acesso de somente leitura à sua conta corrente. Dessa forma, a aplicação consegue ter uma noção dos seus gastos.
Fazendo inimigos
Se tem um setor em que você enfrentará dificuldades no Brasil caso queira se aventurar com o seu negócio, esse setor é o financeiro/bancário — pergunte aos proprietários de casas de câmbio de moedas virtuais. Com o Guiabolso, não foi diferente. O Bradesco entrou com uma ação contra a fintech, dizendo que os dados dos usuários são de responsabilidade deles. O banco diz não ter liberado o acesso às contas e afirma não ter sido informado pelos clientes sobre o compartilhamento de informações com o app.
A base da ação do Bradesco na Justiça é o risco de quebra de sigilo. Esse impasse levou à intromissão do Ministério da Fazenda, que pediu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) uma investigação para averiguar possível abuso de poder dominante por parte do banco.
É bom lembrar que a altercação entre Guiabolso e Bradesco vem de longa data. No fim de 2014, nos primeiros passos do app, o banco pensou em investir na expansão do serviço por meio de um programa de incentivo a startups. A contrapartida seria que o Guiabolso ofereceria aos usuários apenas produtos do Bradesco. A oferta foi rejeitada pela fintech, e isso teria levado a uma retaliação do banco, segundo pessoas familiarizadas com as conversas entre as duas partes. Em março de 2016, então, o Bradesco decidiu ir à Justiça contra o app.
Em seu comunicado à Justiça, a Fazenda agora reforça que os dados bancários pertencem aos clientes, e não aos bancos. Como parte de sua postura sobre o assunto, o órgão também enviou ao Congresso dois projetos de lei que visam a dar mais liberdade de compartilhamento dos dados bancários aos usuários, que poderiam até obter vantagens por isso, como taxas de juros mais baixas em linhas de crédito feitas sob medida, como destaca a Folha de S.Paulo.