Na Austrália, o local onde o rio Richmond se encontra com o mar era uma área histórica para o cultivo de ostras. Contudo, os moluscos passaram a adoecer pela má qualidade da água e, a partir da década de 1970, a indústria diminui.
Hoje, resta apenas uma área que ainda produz ostras na região. Mas um novo estudo publicado na revista Environmental Pollution indica que os moluscos produzidos ali estão contaminados com 21 pesticidas diferentes, em uma combinação de herbicidas, inseticidas e fungicidas.
Dessa forma, os pesquisadores encontraram mais pesticidas nas ostras do que na água circundante. “As ostras acumulam contaminantes porque filtram grandes volumes de água durante a alimentação”, disse Kirsten Benkendorff, autora do estudo.
As águas do rio Richmond
O estudo investigou seis locais dentro do estuário inferior do rio Richmond: Emigrant Creek, Fishery Creek, North Creek, dois locais em Empire Vale e sul de Ballina.
Entre eles, os três primeiros apresentam diversos usos da terra, com vegetação natural, viveiros de plantas, pastagens de gado e horticultura. Além disso, há também áreas residenciais urbanas e pequenas indústrias.
Já nos três locais restantes, que ficam do lado leste do estuário do rio Richmond, o solo recebe influência das plantações de cana-de-açúcar. Dessa forma, parte dos agrotóxicos utilizados no cultivo escorre pelo solo até as águas do rio.
Para evitar esse problema, a Autoridade Australiana de Agrotóxicos e Medicamentos Veterinários (APVMA) regula o uso de pesticidas. Geralmente, as Diretrizes de Qualidade da Água da Austrália fornecem orientações para a poluição por essas substâncias em águas doces e marinhas, mas diretrizes específicas para estuários não estão disponíveis.
Além disso, segundo o estudo, os valores apontados no documento são relevantes apenas para exposição a contaminantes únicos. No caso do rio Richmond, as ostras estão expostas a misturas de pesticidas.
Ainda assim, as concentrações de vários agrotóxicos encontrados ultrapassaram as diretrizes ambientais seguras.
“Muitos desses pesticidas não têm limites permitidos de resíduos em frutos do mar e podem representar riscos significativos para os humanos se consumidos. Também não sabemos ainda o risco cumulativo da exposição a múltiplos pesticidas ao mesmo tempo”, afirmam os autores.
Dessa forma, os pesquisadores destacam a necessidade de novos estudos para mensurar a contaminação por pesticidas em outras áreas próximas à agricultura intensiva e ao desenvolvimento urbano.