Reportagem: Aline Tavares/Instituto Butantan
A hepatite A é uma infecção viral transmitida por meio do contato com água onde há fezes contaminadas e pelo consumo de alimentos contaminados. A doença pode ser prevenida por vacina, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de 15 meses até menores de 5 anos, e para pessoas com doenças crônicas do fígado, doenças imunossupressoras e transplantados. Durante enchentes, os casos da doença podem aumentar em mais de 100%, conforme indica estudo do Instituto Federal do Acre publicado em 2018.
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Xiaomi Redmi Note 13 8+256GA ocorrência de sintomas é mais frequente em adultos do que em crianças. Os sintomas iniciais incluem fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, que podem evoluir para náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia ou constipação. O indivíduo também pode apresentar urina escura e icterícia (pele e olhos amarelados). Essas manifestações podem durar cerca de dois meses e ocorrem de 15 a 50 dias após a infecção, de acordo com o Ministério da Saúde.
Na doença mais grave, que acontece na minoria dos casos, o paciente desenvolve insuficiência hepática aguda (falha no funcionamento do fígado), condição que pode ser fatal. A gravidade e a mortalidade são maiores em pessoas de idade mais avançada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Não existe tratamento específico para hepatite A, mas é importante evitar a automedicação e buscar atendimento médico para tomar os remédios adequados capazes de controlar os sintomas. Alguns fármacos tóxicos para o fígado podem piorar o quadro e devem ser evitados, como paracetamol, nimesulida e diclofenaco.
A transmissão do vírus também pode acontecer por meio do sexo oral-anal e contato pessoal próximo (entre pessoas que moram na mesma residência, pessoas em situação de rua ou crianças em creches).
Vacinação
A ocorrência de enchentes, como as que atingem atualmente o Rio Grande do Sul (RS), pode favorecer a proliferação do vírus da hepatite A. No caso do estado gaúcho, como a incidência histórica da doença é baixa (menos de 1 caso por 100 mil habitantes), a população nunca exposta ao vírus acaba sendo mais suscetível a contrair a doença nesse momento.
Em nota técnica divulgada em 11/5, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomendam a vacinação emergencial no RS para os seguintes públicos não imunizados previamente: adultos de 18 a 40 anos, gestantes, pacientes com doença hepática crônica ou doença renal crônica, imunossuprimidos e homens que fazem sexo com homens.
“Pessoas deslocadas por desastres e lotadas em abrigos, onde prevaleçam más condições sanitárias, ou que entram sistematicamente em contato com águas não salubres e potencialmente contaminadas pelo esgoto estão em risco aumentado para hepatite A”, justificam as entidades.
A vacinação contra hepatite A faz parte do calendário do SUS desde 2014. Dessa forma, crianças de até 10 anos que receberam a vacina já possuem imunidade. O imunizante tem eficácia alta de 95% e leva cerca de 14 dias para atingir níveis protetores de anticorpos.
Outras medidas preventivas
Durante inundações, o Ministério da Saúde recomenda sempre filtrar e ferver a água antes de beber. Caso não possa fervê-la, trate a água para consumo com hipoclorito de sódio (2,5%): para cada litro de água, adicione duas gotas de hipoclorito de sódio e deixe repousar por 30 minutos. Todo recipiente utilizado para guardar água deve ser limpo dessa mesma forma. A água sanitária que contenha alvejante e perfume só pode ser usada para limpar pisos, paredes e embalagens de vidro, latas e caixas do tipo longa-vida.
Veja outras medidas que podem ser adotadas para prevenir a hepatite A:
• Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
• Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
• Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
• Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
• Usar instalações sanitárias;
• No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
• Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de esgotos;
• Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
• Usar preservativos e higienizar mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Confira mais detalhes na cartilha do Ministério da Saúde: “Saiba como agir em caso de enchentes”.
Essa matéria contou com a contribuição do infectologista e gestor médico de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Érique Miranda.