“Herói de Sangue”, com Omar Sy, escancara violência colonial e homenageia Senegal
Muitos filmes retratam os horrores das guerras mundiais. Mas poucos focam em como esses eventos afetaram não só os países europeus, como também suas colônias. E é essa realidade que “Herói de Sangue” buscou, de forma bem sucedida, retratar.
O filme do diretor Mathieu Vadepied, escrito com Olivier Demangel, estreia no Brasil em 13 de julho, após uma participação no Festival Filmelier. Além disso, também foi exibido na Seleção Oficial do Festival de Cannes em 2022, concorrendo ao prêmio “Un Certain Regard”.
O sucesso europeu foi grande. No Barcelona-Sant Jordi International Film Festival, venceu na categoria de melhor ator. Na França, tornou-se uma das maiores bilheterias de 2023.
O longa-metragem de 1h40 traz o astro francês, filho de pai senegalês, de “Intocáveis” (2011) e “Lupin”, da Netflix, para reviver a história quase apagada da memória da França. Na trama, o senegalês Bakary (Omar Sy) faz de tudo para salvar seu filho de 17 anos, Thierno (Alassane Diong), recrutado à força para lutar pelos franceses na Primeira Guerra Mundial.
Como “Herói de Sangue” relembra os horrores coloniais
Diferente de grande parte dos filmes de guerra, a ideia de “Herói de Sangue” não é mostrar o impacto do confronto nos países diretamente envolvidos. Aqui, o objetivo é retratar a violência do colonialismo, que retirou pais e filhos de suas famílias e aldeias para servir aos interesses de seus colonizadores. Vale lembrar que Senegal foi uma das colônias francesas até sua independência, em 1969.
Sendo assim, o filme usa a arte do cinema para propagar essa lembrança de forma fiel, como uma homenagem aos soldados de identidades desconhecidas que morreram no campo de batalha. Para isso, ele começa e termina mostrando ossos exumados em uma referência ao Túmulo do Soldado Desconhecido, no Arco do Triunfo, em Paris.
Outro acerto é a forma com a qual o longa busca preservar a história senegalesa através de diálogos na língua fula, da África Ocidental. Isso porque o personagem principal se comunica nesse idioma, diferente de seu filho, Thierno, que sabe falar francês.
E por falar em pai e filho, a relação entre os dois é mais um ponto positivo. A narrativa explora a ingenuidade do jovem, que aceita facilmente suas novas responsabilidades como cabo do exército, enquanto o pai luta para protegê-lo de um fim trágico. A mensagem final fica clara quando Thierno concluiu que, na verdade, a guerra não tem vencedores.
Assista ao trailer de “Herói de Sangue” abaixo: