_Tecnologia

A história do NinjaVideo e como as empresas tentam lutar contra a pirataria

O NinjaVideo durou cerca de dois anos, mas contribuiu para a formação do modelo de streaming de vídeos que temos hoje

Sites piratas, normalmente escondidos em uma esquina digital sombria e cheios de pop-ups de pornografia e vírus malignos, são um elemento permanente na internet. Oferecendo toneladas de conteúdo ilegal gratuitamente, os criadores desses sites são uma das coisas que tiram os sonos de executivos de grandes corporações.

Alguns se tornam celebridades de internet e milionários, como Kim Dotcom, do Megaupload, mas a maior parte deles não têm a mesma sorte. Jenna Wortham, do The New York Times, documentou a vida de Hana Beshara, conhecida como QueenPhara e criadora do NinjaVideo. Durante sua breve vida, entre 2008 e 2010, o site permitia que usuários acessassem qualquer programa de TV ou filme gratuitamente.

O NinjaVideo, assim como diversos outros sites de pirataria online, representava uma enorme violação de direitos autorais. Mas em 2008, quando serviços legais de streaming começavam a ganhar força, todos esses sites ilegais se tornaram repentinamente alvos muito maiores do que antes, como descreve o artigo:

Sem que Beshara e seus colaboradores soubessem, o NinjaVideo se tornou alvo da Motion Pictures Association of America (M.P.A.A.), que dizia que o site contribuía para a violação de filmes, programas de TV e produtos de software protegidos por direitos autorais em milhões de dólares. O NinjaVideo entrou no ar no mesmo ano do Hulu e Netflix Instant – o serviço de streaming do Netflix – e a M.P.A.A. tentava redirecionar usuários de internet para opções legítimas de streaming de vídeos como eles. A M.P.A.A. identificou o que ela via como sites ofensivos, como NinjaThis.com ou TVShack.net, e enviou os nomes para o governo norte-americano. Os sites foram tirados do ar.

Wortham descreve Beshara como uma espécie de bode expiatório que o governo dos EUA quis usar para “criar um exemplo” e mostrar que eles eram sérios no combate à pirataria. Após passar 16 meses na prisão, Beshara ganhou a liberdade em abril de 2013, marcada por uma proclamação exuberante feita pela internet: “Estou de volta, bitches. No entanto, sua liberdade condicional a impede de entrar em contato com qualquer um dos antigos companheiros de NinjaVideo até 2015, e mesmo que ela não tenha planos de voltar ao mundo da pirataria, ela também não se arrepende do que fez.

Sites de pirataria são casos interessantes no mundo do streaming digital. Bem, eles são extremamente ilegais. Beshara diz que ganhou cerca de US$ 210.000 em apenas dois anos, segundo o NYT. Mas se não fosse pela existência desses sites, é difícil imaginar como seria o mercado de streaming hoje em dia. Esses sites atendiam (e ainda atendem) o desejo básico do “eu quero isso agora” e a indústria de entretenimento precisa se ajustar a esses desejos.

Fornecedores de conteúdo, diz o Sr. Swanston, vão acabar tendo que considerar novos modelos de entrega que são mais alinhados com a forma como as pessoas se comportam. Ele imagina colaborações com serviços de streaming para liberar conteúdo, ou agendamentos simultâneos de lançamentos em cinemas e serviços de streaming – ideias que ele espera que sua empresa consiga executar. Algumas empresas, como o BitTorrent, que criou uma tecnologia de compartilhamento de arquivos, já fazem experimentações nessa área.

Na sexta-feira passada, o BitTorrent se juntou a Thom Yorke, do Radiohead, para o lançamento de um álbum, que dá um indício de qual pode ser o papel do BitTorrent no futuro da distribuição digital. Então, de certa forma, a maneira como compramos conteúdo criativo pela internet já pode estar sendo modificada. O NinjaVideo, assim como outros sites, sem dúvidas são operações criminosas, mas essas opções ilegais foram necessárias para criar o modelo de streaming pago que temos hoje. É por isso que sites como esse sempre existirão.

Você pode ler a reportagem completa do The New York Times aqui (em inglês).

Sair da versão mobile