Homem perde a visão após tomar banho com lentes de contato

Repórter do Reino Unido contraiu uma infecção causada pela Acanthamoeba após tomar banho com lentes de contato e acabou perdendo a visão do olho direito.
Dois protozoários Acanthamoeba vistos sob um microscópio eletrônico de varredura. Imagem: Janice Haney Carr (CDC/Catherine Armbruster; Margaret Williams)
Dois protozoários Acanthamoeba vistos sob um microscópio eletrônico de varredura. Imagem: Janice Haney Carr (CDC/Catherine Armbruster; Margaret Williams)

A história agonizante de um repórter do Reino Unido sobre como ele perdeu a visão do seu olho direito certamente aterrorizará qualquer um que tenha negligenciado a higiene de suas lentes de contato. Ele contraiu uma infecção parasitária rara, provavelmente como resultado de ter tomado banho com as lentes. O terrível erro exigiu mais de 18 meses de tratamento intensivo, e há uma chance de ele nunca mais conseguir enxergar pelo seu olho direito novamente.

Nick Humphreys, um repórter de 29 anos de idade do jornal local Shropshire Star, contou sua história em uma coluna nesta semana. De acordo com Humphreys, o problema começou em janeiro de 2018. Seu olho direito, que estava visivelmente seco por uma semana, tornou-se incrivelmente sensível à luz e causava muita dor. Depois que os colírios, utilizados sem receita médica, não surtiram efeito, ele consultou um oftalmologista, quando uma úlcera foi descoberta. Uma visita ao hospital posteriormente revelou a causa de seus sintomas: uma infecção da córnea causada por um protozoário chamado Acanthamoeba.

“Escondendo-se em nossa água e no solo, ele é um parasita que pode destruir seu olho e deixá-lo cego”, escreveu Humphreys.

Seu tratamento com colírio desinfetante correu bem inicialmente, mas em março de 2018, ele perdeu completamente a visão em seu olho direito; a infecção havia retornado. Ele passou os seis meses seguintes com uma dor agonizante, mal conseguindo sair de casa ou até mesmo ler. Ele passou por um tratamento demorado que incluía o uso de colírio de hora em hora. Com o agravamento de sua condição, Humphreys acabou recebendo uma cirurgia experimental em que camadas do olho foram retiradas para que os médicos pudessem expô-lo a uma grande dose de vitaminas e radiação ultravioleta (o procedimento, chamado cross-linking, surgiu como último recurso para os casos de ceratite por Acanthamoeba que não responderam à medicação nos últimos anos).

Felizmente, a cirurgia parecia ter surtido efeito no tratamento da infecção. Mas Humphreys ainda precisou de outra cirurgia meses depois para reparar e curar as complicações de seu extenso tratamento médico. Agora, 18 meses depois, ele tem um transplante de córnea completo agendado para agosto (junto com uma cirurgia de catarata) que deve restaurar pelo menos parte da visão do olho direito.

“É crucial que as pessoas saibam que isso é uma realidade e pode acontecer por causa de algo tão simples quanto tomar banho”.

Para aqueles que usam lentes de contato, vale a pena observar que a ceratite por Acanthamoeba é rara. Nossos olhos não são tipicamente um local que a ameba gosta de chamar de lar. Mas parece estar se tornando mais comum em algumas áreas do mundo, como o Reino Unido. Quando uma pessoa usa lentes de contato, isso as torna suscetíveis a infecções por esse organismo, porque as lentes podem transferir os germes da água contaminada ou do solo diretamente para os olhos, além de prendê-los lá.

A Acanthamoeba é abundantemente encontrada na água e no solo, portanto não há uma maneira infalível de dizer como Humphreys pode ter contraído a infecção. Mas a esmagadora maioria de suas vítimas são usuários de lentes de contato – cerca de 85% , de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Os principais fatores de risco conhecidos para esse grupo incluem tomar banho ou nadar com lentes, lavar as lentes com água da torneira ou manuseá-las incorretamente ao colocá-las nos olhos ou armazená-las durante a noite. Lentes que são deixadas por períodos de tempo muito longos também podem fornecer mais oportunidades para infecção.

Humphreys esperava que o compartilhamento de sua experiência pudesse servir como uma advertência para os outros.

“Eu posso honestamente dizer que se eu tivesse a menor ideia de que havia uma possibilidade remota disso acontecer, eu nunca teria usado lentes de contato em primeiro lugar. É crucial que as pessoas saibam que isso é uma realidade e pode acontecer por causa de algo tão simples como tomar banho”, escreveu ele.

Ele também está pressionando os fabricantes de lentes de contato a incluir etiquetas de aviso mais explícitas em seus produtos.

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