Cachorros são mestres em farejar cheiros específicos para identificar ou rastrear suspeitos em uma cena de crime. Mas e se cientistas forense pudessem analisar odores em laboratório para usá-los como evidências?
Foi pensando nessa possibilidade que uma equipe liderada por Kenneth Furton, da Florida International University, nos Estados Unidos, analisou o cheiro das mãos de 60 pessoas de várias etnias. Eles descobriram que era possível discernir o odor de homens e mulheres com 97% de precisão.
Eram 30 voluntários homens e 30 mulheres. A equipe pediu que eles apertassem gazes de algodão por 10 minutos com as mãos, que não viam água e sabão há pelo menos uma hora no momento do experimento.
Coletadas as amostras, os pesquisadores colocaram alguns reagentes químicos nas gazes e as analisaram usando técnicas como a espectrometria de massa, que identifica moléculas específicas medindo sua massa e caracterizando sua estrutura química.
Nessa etapa, a equipe procurou compostos orgânicos voláteis, substâncias que evaporam rápido em temperatura ambiente. Eles estão por trás do cheiro de perfumes e poluentes, mas também são secretados naturalmente pelo corpo humano – sendo um produto da genética, do meio ambiente e das secreções corporais, como o suor.
Depois de analisar as amostras, eles aplicaram modelos estatísticos aos dados e descobriram que era possível identificar os cheiros das mãos de homens e mulheres com precisão de 97%, acertando 29 dos indivíduos em cada grupo.
Os pesquisadores acreditam que, aperfeiçoando o método, ele poderia ser usado para identificar o sexo de uma pessoa na cena de um crime como roubo, invasão ou agressão. “Mesmo nos casos em que nenhuma impressão digital física ou evidência de DNA é encontrada, evidências de cheiro humano ainda podem ser recuperadas e usadas como um recurso individualizador em uma investigação”, escreve a equipe.
Mas outros pesquisadores afirmam que não está claro como o gênero, além do sexo biológico, está correlacionado com os odores preconceituosos – e que essa questão está relacionada à produção inata de odores pelo corpo humano e à exposição das mãos a determinadas substâncias químicas.
O estudo foi publicado nesta quarta (5) na revista PLOS One.