_Eletrônicos

Uma investigação quer saber porque tantos “hoverboards” estão pegando fogo

A batalha para dar um nome adequado ao objeto já foi perdida. Agora, a preocupação é outra: esses veículos estão pegando fogo e causando incêndios.

Este ano, um tipo de veículo ganhou bastante popularidade: trata-se de uma prancha com duas rodas e equilíbrio automático, que muitos insistem em chamar de “hoverboard” – mesmo que ele não paire no ar como o nome sugere.

>>> O Hoverboard da Lexus é real
>>> Tony Hawk ajudou a projetar hoverboard que flutua de verdade

Infelizmente, a batalha para dar um nome adequado ao objeto – scooter que se equilibra? Segway sem guidão? – já foi perdida. Agora, a preocupação é outra: esses veículos estão pegando fogo e causando incêndios.

Os hoverboards se tornaram populares depois que diversos famosos nos EUA – incluindo Snoop Dogg, Mike Tyson, Jamie Foxx, Skrillex e Deadmau5 – foram vistos andando com o gadget.

Há diversas marcas e modelos, como o IO Hawk, PhunkeeDuck, Swagway e Hovertrax, fora as inúmeras cópias baratas vindas da China. O rapper Wiz Khalifa foi detido no aeroporto de Los Angeles por andar com um desses veículos, o que é proibido no local.

Pegando fogo

O órgão americano CPSC (Comissão para Segurança de Produtos ao Consumidor) está no meio de uma enorme investigação sobre a segurança dos hoverboards. Afinal, essas máquinas são perigosas e atualmente não existem normas de segurança para elas.

“A CPSC está estudando a segurança de toda a linha de produtos”, disse Scott Wolfson, diretor de comunicações da agência, ao Gizmodo. “Nós temos inquéritos em curso sobre incidentes que ocorreram na Califórnia, Ohio, Texas, Louisiana, e Alabama. Houve incidentes adicionais na Flórida e na Pensilvânia.” São 10 investigações ao todo.

Wolfson explica que o inquérito inclui tanto acidentes que provocaram ferimentos, como incidentes em que hoverboards pegaram fogo – por exemplo, esta prancha lançando chamas num shopping de Seattle:

Isso aconteceu um dia depois de outro hoverboard pegar fogo em uma casa de Nova York, e duas semanas após outra prancha entrar em combustão e destruir a casa de uma família na Louisiana. É assustador.

As três maiores empresas aéreas dos EUA — American, Delta e United — proíbem que hoverboards sejam levados em voos devido ao risco de explosão. JetBlue e British Airways fizeram o mesmo.

E de acordo com a Swagway, uma grande vendedora de hoverboards, a Amazon começou a questionar fabricantes sobre suas normas de segurança, e a remover algumas pranchas de sua loja. A loja online Overstock.com parou de vender o gadget devido aos riscos de segurança.

Problemas na bateria?

Muitos dos hoverboards baratos à venda têm algo em comum: eles são feitos por empresas xing-ling e não passam por nenhum teste de segurança para dispositivos eletrônicos. Isso é um problema porque baterias grandes de lítio (e seus carregadores) podem ser potencialmente muito perigosos.

Como parte de sua investigação, a CPSC está coletando hoverboards de diversas marcas e modelos e testando-os em um laboratório especial em Washington, DC. Eles testam não só a funcionalidade básica dos pequenos veículos, como também os problemas de bateria que poderiam estar causando os incêndios.

A agência está bem familiarizada com este tipo de pesquisa. Há uma década, havia relatos generalizados de laptops e celulares pegando fogo e até mesmo explodindo devido a baterias com defeito. A CPSC trabalhou com fabricantes para chegar a um conjunto de normas de segurança destinadas a proteger os consumidores e garantir que este tipo de incidente não volte a acontecer.

Assim, a CPSC pode estabelecer um padrão de segurança para hoverboards. A agência já tem algumas dicas, na verdade: você nunca deve manter o hoverboard carregando a bateria durante a noite, porque muitos dos incêndios relatados ocorreram durante o carregamento.

Quedas

“Em relação a quedas, nossa recomendação é semelhante à de um skate: use capacete, cotoveleiras e joelheiras quando estiver na prancha”, disse Wolfson.

A CPSC está em constante comunicação com os hospitais de todo o país para saber quantas pessoas chegam ao pronto-socorro com ferimentos relacionados ao gadget.

“Até esta semana, nós recebemos mais de 30 relatos de pessoas que foram para o pronto-socorro, e esse número tende a crescer”, explicou Wolfson. “Estes não eram ferimentos leves… algumas dessas lesões resultaram em uma cabeça aberta de feridas e outros casos de trauma significativo nos braços e pernas.”

As fabricantes de hoverboards ainda terão que lidar com outras dores de cabeça. Uma delas é a legislação: por exemplo, o Reino Unido exige que usuários de hoverboards tenham carteira de motorista, e proíbe que eles trafeguem nas calçadas.

Além disso, há a questão de propriedade intelectual. A Segway diz que um dos hoverboards, o Inventist Hovertrax, viola cinco de suas patentes. A Segway foi adquirida este ano pela Ninebot, empresa chinesa da qual a Xiaomi é um dos principais investidores.

Ilustração por Tara Jacoby; fotos por Christopher Furlong/Getty e Westchester Fire Department

Sair da versão mobile