Ciência

Humanos consomem avelã há pelo menos 8 mil anos, dizem cientistas

Analisando cascas de avelãs em sítios arqueológicos da Suécia, cientistas também revelam mudança na vegetação pós Era Glacial
Imagem: Jocelyn Morales/ Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo publicado na revista Frontiers in Environmental Archaeology acompanhou a disseminação das árvores de avelã durante a história e descobriu que elas já faziam parte do cotidiano humano desde a era Mesolítica, cerca de 8.000 a.C.

De acordo com as evidências encontradas na casca dessa oleaginosa, a planta evoluiu em conjunto com a mudança de paisagem após a última Era Glacial. Ao que tudo indica, com o degelo da superfície, a vegetação passou por fases de floresta fechada e depois foi se tornando mais aberta, com pastagens.

Pesquisadores apontam que esse também é um reflexo da presença e evolução humanas, conforme a caça e a coleta deram lugar à agricultura.

Avelã, no cotidiano europeu há milênios

Além de ser uma ótima fonte de proteína, gordura, fibras, vitaminas e minerais, a avelã também possui carbono – assim como todas as plantas. Dessa forma, em sua estrutura há isótopos que, analisados por especialistas, ajudam a datar e caracterizar ambientes em que a árvore estava inserida.

Segundo a pesquisa, por volta de 8.000 a.C. as árvores de avelã se tornaram espécies dominantes nas florestas que se formaram no sul da Suécia após o derretimento das geleiras. Embora outras plantas também tenham conquistado seu espaço, a oleaginosa continuou sendo importante quando a agricultura começou na era Neolítica, por volta de 4.000 a.C.

Em geral, pesquisadores apontaram que, além de alimento, as árvores avelã também eram matéria-prima para tarefas do cotidiano das comunidades da época. Por exemplo, as cascas de avelã podem ser combustível para fazer fogo.

Evidência da mudança de paisagem

Depois de datarem a presença das árvores de avelã no sul da Suécia, os pesquisadores analisaram isótopos estáveis das cascas do alimento. Elas são abundantes em alguns sítios arqueológicos da região. 

Em geral, os isótopos estão presentes em proporções diferentes na planta e isso varia de acordo com a quantidade de luz e água recebidas. No entanto, a Suécia fica em uma região próxima ao polo norte da Terra. De modo que há períodos com nenhuma luz e outros com luz durante as 24 horas do dia. 

Considerando isso, os pesquisadores perceberam que a luz solar afeta mais a relação de isótopos do que a água. Então, combinando a análise de isótopos das amostras de sítios arqueológicos e também de coletas de avelãs atuais, eles concluíram que houve uma mudança na paisagem do sul da Suécia.

Os cientistas levaram em consideração a disponibilidade de luz presente no local como um indicativo se a vegetação era fechada, como em uma floresta, ou aberta, como em uma pastagem.

Com os resultados do estudo, eles descobriram que as avelãs do período Mesolítico foram coletadas em florestas. Já as da Idade dos Metais (período entre 3.000 a.C e 1.000 a.C) cresceram em locais abertos.

“As florestas são lugares dinâmicos, moldados pelo estabelecimento de novas espécies após o período glacial. Mas as pessoas também modificaram a paisagem, sendo a forma mais dramática o desmatamento para dar lugar a campos de cultivo, uma vez que a agricultura se tornou generalizada”, explicam Karl Ljung e Amy Styring, autores do estudo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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