Pela primeira vez, pesquisadores utilizaram a inteligência artificial (IA) para construir do zero um processador. Com um detalhe: o programa levou apenas cinco horas para concluir o projeto idealizado na China – e deu certo.
A estimativa é que a tecnologia acelerou o desenvolvimento do processador em cerca de mil vezes, em comparação com o trabalho realizado por humanos.
A ideia foi de um grupo de 19 cientistas e gerou um computador funcional e rápido. A IA foi responsável por automatizar o desenvolvimento da unidade central de processamento (CPU). O resultado é um computador com desempenho comparável ao da CPU Intel 80486SX, projetada por humanos.
Trata-se da primeira CPU do mundo concebida por IA. No caso da gigante Intel, por exemplo, os desenvolvedores levam cerca de quatro anos para construir um sistema assim, conforme relatou à Forbes o engenheiro de dados Ophir Edlis.
A experiência foi conduzida por pesquisadores chineses e divulgada em um artigo intitulado “Pushing the Limits of Machine Design: Automated CPU Design with AI” (Ultrapassando os limites da concepção de máquinas: Projeto de CPU automatizado com uso de IA).
O estudo está disponível no ArXiv, plataforma que disponibiliza pré-publicações de artigos científicos de áreas como matemática, física e ciência da computação.
Os autores pesquisam em diferentes universidades, como a Academia Chinesa de Ciências e a Universidade de Ciência e Tecnologia da China.
Futuro do desenvolvimento de processadores
A CPU desenvolvida com ajuda da IA funciona com um conjunto de instruções que foi batizado de RISC-V 32IA. Ela é capaz de executar com êxito o sistema operacional Kernel Linux 5.15.
No artigo, os pesquisadores explicam que a abordagem automatizada reduz o processo de construção da CPU em cerca de mil vezes. Isso ocorre porque são eliminadas as etapas de programação manual e o processo de verificação da concepção tradicional da CPU. Essas atividades consomem boa parte do tempo para realizar esse trabalho, quando desempenhado por humanos.
O documento ainda diz que a nova CPU tem precisão de 99,99% para testes de validação, enquanto o design físico do chip usa scripts na tecnologia de 65nm para gerar o layout para fabricação. A sua concepção decompõe as unidades de controle e aritméticas da CPU de IA em módulos funcionais mais pequenos.
Com a experiência, os cientistas chineses buscam abrir portas para a construção de máquinas auto-evolutivas, ou seja, dotadas de inteligência artificial. O objetivo é que elas possam atualizar automaticamente o sistema de CPUs antigas, reformando drasticamente a indústria global de semicondutores.
Limitações da IA
No entanto, o chip RISC-V 32IA tem uma frequência de 300 MHz, em comparação com o processador humano de 3,6 GHz da Intel, o que o torna mais lento no processamento de comandos informáticos.
Segundo os pesquisadores, as CPUs feitas com modelos de IA têm um desempenho pior do que os processadores recentes, como o Intel Core i7 3930K. Eles planejam aumentar o desempenho daquilo a que chamam “a primeira CPU do mundo concebida automaticamente” através da implementação de algoritmos aumentados mais elaborados.