Você está olhando para um filme recém-lançado mostrando o enigmático “hexágono” de Saturno. Esta é a imagem em maior resolução já adquirida do enorme redemoinho de seis lados sobre o pólo norte do planeta dos anéis, e ele é lindo.
Para quem ainda não conhece, o sistema de nuvens estranhamente simétricas de Saturno tem aproximadamente 6km de diâmetro, e é absolutamente único no nosso sistema solar. A dimensão e dinâmica dele são bizarras. No centro do hexágono gira um furacão cerca de cinquenta vezes maior do que a média dos furacões da Terra. Sobre ele giram vários vórtices menores, presos em correntes de jato do hexágono, que roda no sentido horário, até que o furacão central, e a parte externa do hexágono, gire na direção oposta. Essas tempestades menores são visíveis na imagem acima como formas ovais avermelhadas. O maior dos pequenos vórtices, que aparece em branco no canto inferior direito do hexágono, tem cerca de 670 metros – cerca do dobro dos maiores furacões da Terra.
Esta imagem em menor resolução junta 19 imagens capturadas em junho deste ano; apesar de acelerada, as imagens cobrem 2 horas e 45 minutos do tempo real.
Em relação ao vídeo no topo do post, seus oito quadros são na verdade uma combinação de dados de 128 imagens capturadas ao longo de dez horas do dia 10 de dezembro de 2012. Cada quadro consiste em 16 imagens projetadas: quatro por filtro de cor, quatro filtros por quadro. O uso desses filtros, e o detalhe das imagens, são o que fazem essa animação se destacar. De acordo com a NASA, é o primeiro filme do hexágono desse tipo, e o primeiro a mostrar uma vista do topo de Saturno .
Como o sistema se formou, e como ele consegue permanecer (por ao menos três décadas – mas provavelmente mais do que isso) continuam sendo dois dos maiores mistérios do nosso sistema solar. Para ser claro: vórtices polares não são tão raros assim (a Terra tem um!); o que faz o sistema de Saturno tão único é a sua escala, simetria e perseverança – apesar de cientistas terem alguns indícios promissores da origem da sua forma, e conseguiram reproduzir o efeito em um laboratório:
“O hexágono é apenas uma corrente de ar, e recursos de clima por aí que compartilham semelhanças com este são notoriamente turbulentos e instáveis”, disse Andrew Ingersoll, membro da equipe de imagens de Cassini, em um release descrevendo as imagens. “Um furacão na Terra normalmente dura uma semana, mas este aqui já dura décadas – e talvez até séculos.”
“Conforme nos aproximarmos do solstício de verão de Saturno de 2017, as condições de luz no pólo norte vão melhorar, e estamos animados para detectar as mudanças que ocorrem tanto dentro quanto fora do hexágono”, continuou o cientista Scott Edgington. [Via NASA]