Indicado ao Oscar, “As 4 Filhas de Olfa” reflete sobre religião e liberdade feminina
Filme com direção de Kaouther Ben Hania mistura ficção e realidade ao retratar desaparecimento de duas jovens de família tunisiana. O Giz Brasil assistiu antes e traz o resumo
O indicado ao Oscar 2024 “As 4 Filhas de Olfa” é uma sessão de terapia familiar gravada –mas do melhor jeito possível. Vencedor do Festival de Cannes, o documentário de Kaouther Ben Hania (“O Homem que Vendeu Sua Pele”), estreia no Brasil nesta quinta-feira (7). O Giz Brasil já assistiu e te conta o que esperar!
Segundo o resumo do longa, o filme acompanha a vida de Olfa, uma mulher tunisiana que teve quatro filhas. As duas mais velhas, Ghofrane e Rahma, desapareceram. Então, a partir desse evento, a história da família de Olfa é contada através de uma jornada de rebelião, violência e esperança.
Mesclando realidade e ficção, a produção conta com três atrizes: Nour Karoui e Ichraq Matar, como as filhas mais velhas, e Hend Sabri, como Olfa. A ideia de acrescentar as três ao documentário foi uma sacada genial da diretora, já que permitiu trocas emocionante entre as seis que não seriam possíveis sem alguém que ocupasse o lugar das meninas desaparecidas.
Além disso, a presença de uma “outra Olfa” evoca na mãe reflexões acerca de sua relação com as filhas. Isso porque, ao longo do documentário, a atriz, além de reconstituir momentos traumáticos da vida da mulher, também a provoca a pensar sobre como sua vida, repleta de violências, interferiu em sua maternidade.
Ao mesmo tempo, as garotas mais novas, Tayssir e Eya, ganham um espaço seguro para expor os conflitos que vivenciaram durante seu crescimento. É interessante ver como Olfa, uma mulher forte, cria suas filhas como pessoas “dignas de grandeza”, em suas próprias palavras. Mas, enquanto isso, reprime violentamente qualquer comportamento que considere “rebelde” por parte delas.
Política, religião e o desaparecimento das “Filhas de Olfa”
Inicialmente, pode ser um pouco difícil para o espectador compreender o tema central de “As 4 Filhas de Olfa”. Afinal, o documentário retrata um caso real que repercutiu na imprensa da Tunísia, mas que não ganhou tanto espaço na mídia do Brasil.
No entanto, aos poucos, o filme se aprofunda no desaparecimento de Ghofrane e Rhama e sua relação com o contexto sociopolítico da Tunísia na década de 2010 e o fundamentalismo religioso, enquanto discute o uso do niqab, vestimenta muçulmana, e a liberdade feminina além da visão ocidental.
Retratando temas complexos como o Jihad e a Sharia, “As 4 Filhas de Olfa” é um documentário brilhante que atrai até mesmo o público que não é fã do gênero de não-ficção.
Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.
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