Pesquisadores querem usar inteligência artificial para “prever” se um crime é ligado a gangues

Pesquisadores estão usando inteligência artificial preditiva para ajudar policiais a classificarem crimes e determinar se eles são ou não relacionados a gangues. Jeffrey Brantingham, professor de antropologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles e pioneiro no campo de policiamento preditivo, apresentou neste ano uma pesquisa que utiliza uma rede neural para prever se os […]

Pesquisadores estão usando inteligência artificial preditiva para ajudar policiais a classificarem crimes e determinar se eles são ou não relacionados a gangues.

Jeffrey Brantingham, professor de antropologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles e pioneiro no campo de policiamento preditivo, apresentou neste ano uma pesquisa que utiliza uma rede neural para prever se os crimes são ligados a gangues. O objeto final, escreve a equipe de Brantingham no estudo, é “automaticamente classificar crimes relacionados a gangues em que algumas peças cruciais de informação criminal não estejam disponíveis no momento ou que estejam faltando”.

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Intitulado “Redes Neurais Parcialmente Generativas para Classificação de Crime de Gangue“, o artigo é o primeiro de uma equipe de pesquisa que Brantingham lidera no Centro de Inteligência Artificial e Sociedade (CAIS, na sigla em inglês) da Universidade do Sul da Califórnia. A equipe de Bratingham está estudando “Teoria do Jogo Espaço-Temporal & Aprendizado de Máquina em Tempo Real para Grupos Adversários”, com um foco em combater o extremismo. A pesquisa é financiada federalmente pelo Departamento de Defesa por meio do subsídio Minerva, que premiou o grupo com aproximadamente US$ 1,2 milhão ao longo de três anos.

Como aponta o Verge, uma vez que a polícia tenha classificado alguém como membro de uma gangue ou o tenha acusado de violência de gangue, essa pessoa enfrenta sentenças de prisão mais longas, acusações adicionais e são impedidas de entrar em certas áreas ou de se associar com certas pessoas.

Tecnologias avançadas estão sendo usadas nos Estados Unidos para resolver melhor problemas relacionados a gangues. Escolas do ensino fundamental no Novo México estão usando reconhecimento facial para barrar a entrada de suspeitos membros de gangues, por exemplo, enquanto, em Chicago, a polícia usa IA para “prever” a probabilidade de alguém ou cometer ou ser vítima de violência armada relacionada a gangue. Inteligência artificial é também usada para prever crimes mais geralmente, liderada pela PredPol, uma empresa de policiamento preditivo cofundada por Brantingham.

Para conduzir sua pesquisa, a equipe de Brantingham alimentou uma rede neural — IA que usa processamento semelhante ao do cérebro humano para a classificação de dados — com dados coletados pelo Departamento de Polícia de Los Angeles entre 2014 e 2016. A inteligência artificial recebe relatórios sem certos dados qualitativos (que são os que mais consomem o tempo da polícia para ser completados) então gera os dados que faltam ela mesma. A IA usa o relatório gerado algoritmicamente como parte de sua previsão geral sobre a natureza de um crime (relacionado ou não a gangues).

Embora cada vez mais recursos estejam sendo dedicados a usar a inteligência artificial para prever, prevenir ou classificar violência de gangue, alguns no campo estão se posicionando contra a prática. Christo Wilson, professor assistente de ciência da computação e da informação na Universidade Northeastern, nos EUA, aponta para o Verge que a qualidade das previsões da IA depende da qualidade dos dados usados para treinar suas previsões. Ativistas há muito tempo alegam que a polícia de Los Angeles tem um excesso de zelo na aplicação de classificação de gangue. E que, portanto, a IA poderia apenas reforçar os mesmos vieses.

“Agora, talvez a polícia de Los Angeles seja 100% objetiva em suas determinações do que é e não é relacionado a gangue”, Wilson contou ao Verge. “Mas se não for, então o algoritmo vai reproduzir seus erros e vieses.”

Embora essa pesquisa particular ainda esteja nascendo, o trabalho de policiamento tem se tornado cada vez mais automatizado. O policiamento “hot spot” usa métodos computacionais para enviar a polícia a locais geográficos de forma a antecipar crimes, mudando a patrulha simples. Leitores de placas de carro oferecem uma série de informações sobre os motoristas, e a polícia já estudou a adoção de veículos autônomos que multam motoristas por excesso de velocidade. A Axon, fabricante do infâme Taser, usa IA para melhorar a utilidade de suas câmeras corporais, oferecendo uma redação automatizada e serviço de arquivos para as filmagens capturadas pela câmera.

Assim como a pesquisa de Brantingham, um foco na tecnologia de Axon é reduzir o trabalho de policiais. Em um comunicado anunciando sua recém-formada “diretoria de ética”, a Axon disse que “seu objetivo final no desenvolvimento de tecnologia de IA é eliminar a necessidade de que policiais façam a papelada manual”.

[The Verge]

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