Neste final de semana, a internet e rede celular 3G saíram do ar na Coreia do Norte, após tensões do país com os EUA. Segundo a Akamai, o acesso à internet voltou ao normal após um apagão de 5 horas.
O caso acabou levantando algumas dúvidas: quem pode acessar a internet na Coreia do Norte? E celulares? O país tem 3G? Vamos dar uma olhada nisso abaixo.
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Celular
Na Coreia do Norte, o uso do celular é limitado: não há como fazer ligações internacionais, nem para estrangeiros morando no país. Mas ele pode ser bastante útil, como explica a Associated Press:
Quem possui celular liga para organizar reuniões de trabalho com os colegas, manda mensagens de texto para marcar jantares com amigos, e ligam para casa para saber como estão seus filhos. Eles tiram fotos com seus telefones e trocam arquivos MP3 entre si. Eles leem livros norte-coreanos e o jornal do Partido dos Trabalhadores, Rodong Sinmun, em seus celulares.
Na Coreia do Norte, existe apenas uma operadora, a Koryolink, cuja dona é a empresa egípcia Orascom. A área de cobertura se restringe à capital, Pyongyang, e cinco outras cidades; ela também está presente nas principais rodovias e linhas de trem.
Em setembro, a Koryolink disse ter 2,4 milhões de clientes; o país tem 25 milhões de habitantes. Aos poucos, o celular está se tornando mais comum na Coreia do Norte: em 2012, havia apenas um milhão de usuários no país.
Isso chamou a atenção do governo, que publicou um manual de bons modos para usar o aparelho. “À medida que os celulares são cada vez mais usados na sociedade atual, vem surgindo uma tendência entre algumas pessoas a negligenciar a etiqueta adequada ao telefone”, diz o governo.
Por isso, eles oferecem conselhos para ser educado ao celular – e alguns valem para o mundo inteiro. Por exemplo: “falar em voz alta ou discutir pelo telefone em locais públicos, onde muitas pessoas estão reunidas, é um comportamento imprudente e descortês”.
Outros conselhos são mais… comunistas. A agência sul-coreana Yonhap explica:
“… você não deve esquecer de se apresentar ou de oferecer cumprimentos.” Em um exemplo, a revista afirma que, se a outra pessoa não se apresentar ao atender uma chamada, você deve passar pelo processo de perguntar: “Olá? É você, camarada Yeong-cheol?”
Uma das maiores barreiras para a popularização do celular na Coreia do Norte é seu preço. No ano passado, segundo a BBC, um celular simples custava o equivalente a R$ 360; o modelo touchscreen mais recente saía por R$ 900. No entanto, a renda média dos norte-coreanos é o equivalente a R$ 2.100 por ano.
3G
Norte-coreanos não têm acesso à internet pelo celular. Em 2008, a Koryolink instalou uma rede 3G no país, mas sem liberar o serviço de dados.
Eles só passaram a oferecer pacotes 3G no ano passado, mas só para estrangeiros. A jornalista Jean H. Lee teve que pagar o equivalente a R$ 130 para adquirir o chip de celular, mais R$ 200 para ativar o 3G. Ela então enviou este tweet:
My first tweet using #Koryolink's new mobile #Internet service. Hello world from comms center in #Pyongyang.
— Jean H. Lee (@newsjean) February 25, 2013
Internet fixa
O acesso à internet fixa e Wi-Fi dentro da Coreia do Norte é limitado a cerca de mil pessoas, incluindo autoridades do governo e diplomatas. Visitantes internacionais, como jornalistas, também podem pedir por internet em seu quarto de hotel.
Universidades do país têm um sistema de intranet para se comunicarem entre si; existe até uma espécie de rede social, permitindo a professores e estudantes postarem músicas e mensagens de feliz aniversário.
No entanto, essa rede é monitorada de perto pelas autoridades, e não se conecta à internet “internacional”. Estudantes podem enviar e-mails entre si, mas não para pessoas fora do país. Na Coreia do Norte, a World Wide Web continua inacessível para a maioria das pessoas, com ou sem apagão.
[Re/code – Associated Press – Denver Post – BBC]
Foto por (stephan)/Flickr