A Benchmark Capital, um dos maiores investidores do Uber, tenta explicar a seus funcionários os problemas legais que tem com Travis Kalanick, ex-CEO da empresa de carona compartilhada. A Benchmark processou Kalanick por fraude semana passada, adicionando mais uma controvérsia ao já tenebroso período da empresa.
Em uma carta aberta aos funcionários do Uber, a Benchmark critica a liderança de Kalanick e diz que ele estava intencionalmente dificultando as buscas da empresa por um CEO substituto. A Benchmark critica também a forma lenta como o Uber respondeu ao relatório sobre problemas de assédio sexual dentro da empresa, e a estagnada pesquisa por um chefe financeiro que se arrasta há mais de dois anos.
“Parece em alguns momentos que a busca foi manipulada para dissuadir candidatos e potencializar a volta de Travis”, diz a carta.
An open letter to Uber employees from Benchmark: https://t.co/YQN8hQ9MjH
— Benchmark (@benchmark) August 14, 2017
Outros investidores do Uber, liderados por Shervin Pishevar e Sherpa Capital, se opõem veementemente contra o processo da Benchmark. Pishevar e seus apoiadores argumentam que a conduta da Benchmark destrói o valor dos investimentos no Uber. O processo da empresa quer forçar que Kalanick fique fora da mesa diretora da empresa que ele fundou.
“É fácil reduzir essa situação para uma batalha de egos. Mas isso não é sobre a Benchmark contra Travis. É sobre garantir que o Uber possa atingir seu potencial total enquanto empresa. E isso acontecerá apenas se nos livrarmos dos obstáculos e distrações que importunam o Uber, e sua mesa diretora, há muito tempo”, diz a carta. “Não agir significaria endossar um comportamento completamente inaceitável em qualquer empresa, especialmente em uma companhia do tamanho e importância do Uber”.
A carta da Benchmark também se refere a alegações contidas no relatório que investiga casos de assédio sexual no Uber. A Benchmark diz que a empresa precisa começar a trabalhar nas recomendações do relatório, incluindo a necessidade de criar novos valores culturais para a empresa.
Kalanick respondeu a carta por meio de um porta-voz para o New York Times:
Como muitos investidores, estou desapontado e surpreso pelas ações hostis da Benchmark, que claramente não age nos melhores interesses do Uber e seus funcionários. Desde 2009, transformar o Uber em uma grande companhia tem sido minha paixão e obsessão. Continuo a trabalhar incansavelmente com a mesa diretora para identificar e contratar o melhor CEO para guiar o Uber em sua próxima fase de crescimento e garantir o seu contínuo sucesso.
Ao Gizmodo, um porta voz do Uber afirma que a empresa está cumprindo as recomendações do relatório dentro do tempo, ao contrário do que afirma a carta da Benchmark. Além disso, o Uber criou uma ferramenta que permite aos seus funcionários enviar sugestões dos novos valores culturais da empresa e, assim que tiverem um novo CEO, essa pessoa poderá implementá-los. Mudanças da análise de performance também estão em andamento.