Isto não é uma pintura

Parecem pinceladas – poderia quase ser um quadro do Turner – mas é apenas um retrato da natureza. Esta foto, tirada pelo satélite MERIS, da Agência Espacial Europeia, mostra as montanhas Tibesti, entre o norte do Chade e o sul da Líbia – apesar de que uma foto como esta quase nos faz esquecer que fronteiras […]

Parecem pinceladas – poderia quase ser um quadro do Turner – mas é apenas um retrato da natureza. Esta foto, tirada pelo satélite MERIS, da Agência Espacial Europeia, mostra as montanhas Tibesti, entre o norte do Chade e o sul da Líbia – apesar de que uma foto como esta quase nos faz esquecer que fronteiras existem.

As montanhas, em preto e azul no centro, são uma cordilheira vulcânica. O pico cinza e preto na parte inferior direita é o Emi Koussi, a montanha mais alta do Chade, com 3415 metros de altitude. Não há registros de erupções de nenhum dos vulcões do Tibesti – só o Toussid, o ponto preto lá na esquerda, tem fama de expelir gases e criar fontes quentes em seu chão cheio de crateras. As regiões brancas são acúmulos de sais carbônicos. Já a parte laranja é o deserto.

Como se pode ver, são poucas as plantas nestas montanhas, o que faz com que elas sejam chamadas localmente de “Montanhas da Fome”, já que elas alimentam poucas pessoas. A tribo seminômade Toubou habita a região e seus membros trabalham como mineiros de sal e agricultores de grãos e tâmaras. Já algumas chitas, gazelas e ovelhas perambulam pela região.

A expectativa de vida no Chade é a mais baixa do mundo: apenas 48 anos. Estima-se que cerca de 210 mil pessoas tenham HIV e AIDS – 3,4% da população. Além disso, malária, febre tifoide e hepatite A são grandes problemas de saúde. 34% das crianças com menos de 5 anos de idade estão abaixo do peso ideal, e o país tem a pior taxa de mortalidade maternal do mundo. O Chade ainda é o lar de 280 mil refugiados do conflito de Darfur, no Sudão, país que faz fronteira com o Chade.

Rebeliões explodem frequentemente no país. A mais recente resultou numa guerra civil de quatro anos, que acabou em 2010. Os conflitos violentos com a Líbia e o Sudão também castigaram o lugar, que já sofria muito. Só mesmo olhando do espaço para esquecer as fronteiras.

Imagem: ESA/Envisat


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