James Webb revela cinturões ao redor de estrela a 25 anos-luz de distância
Os arredores da estrela Fomalhaut, que está a 25 anos-luz de distância da Terra, são bem mais caóticos do que os astrônomos imaginavam. É o que revelaram novas imagens desta porção do espaço, obtidas com o Telescópio Espacial James Webb por astrônomos da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Eles pretendiam estudar um cinturão de asteroides ao redor da Fomalhaut – o primeiro já visto fora de nosso Sistema Solar a partir de luz infravermelha. Aí veio a surpresa: não existe um, mas três cinturões na região, que se estendem por 23 bilhões de quilômetros ao redor da estrela (cerca de 150 vezes a distância da Terra ao Sol).
Estes cinturões, também chamados de “discos de detritos” pelos astrônomos, concentram poeira e objetos rochosos de tamanhos variados. “Eu descreveria Fomalhaut como o arquétipo dos discos de detritos encontrados em outras partes de nossa galáxia, porque ele possui componentes semelhantes aos que temos em nosso próprio sistema planetário”, disse András Gáspár, autor principal do estudo, em comunicado.
Segundo os astrônomos, as novas imagens sugerem que provavelmente existem planetas em torno da Fomalhaut – e que os campos gravitacionais desses planetas esculpem os cinturões encontrados. Seria como no Sistema Solar, em que Marte e Júpiter encurralam um cinturão de asteroides e Netuno molda, em partes, o Cinturão de Kuiper – talvez junto a corpos ainda não vistos além dele.
Fomalhaut é a estrela mais brilhante da constelação Piscis Austrinus, visível no hemisfério sul, e tem 440 milhões de anos – é uma estrela jovem em comparação com o Sol, de 4,6 bilhões, mas está na metade de sua vida. A essa altura, a maioria dos supostos planetas ao seu redor já teria esfriado, e só um muito maior que Júpiter ainda estaria quente o suficiente para emitir infravermelho e ser detectado pelo Webb.
Por enquanto, os cientistas não obtiveram nenhuma evidência direta de quaisquer planetas por lá. O estudo foi publicado na última segunda (8), na revista científica Nature Astronomy.
O cinturão externo foi descoberto em 1983, e os astrônomos já tinham imagens nítidas dele, geradas com dados do Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, do radiotelescópio Atacama Large Millimeter Array (Chile) e outros. Agora, o James Webb pôde revelar detalhes inéditos porque foi projetado especialmente para captar a luz infravermelha.
A luz que nós enxergamos corresponde a ondas eletromagnéticas com comprimento entre 380 e 700 nanômetros – as mais compridas são o vermelho; as mais curtas, violeta. O infravermelho corresponde a ondas mais compridas e menos energéticas, que conseguem escapar melhor da poeira espacial. E, como o James Webb é expert em infravermelho, consegue revelar novas informações sobre a vizinhança empoeirada da Fomalhaut.