Jovem outra vez: o curioso caso do animal que envelhece de marcha à ré
Uma descoberta no reino animal parece se inspirar no filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, pois, assim como o personagem de Brad Pitt, uma espécie de água-viva envelhece ao contrário. Para quem não conhece o filme, uma breve sinopse, mas sem spoiler: o protagonista nasce velho e morre bebê.
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Diferentemente da água-viva imortal, que consegue voltar no tempo várias vezes durante a vida, esta espécie transita entre os dois estágios do envelhecimento. Ou seja, suas células retornam ao estado larval quando necessário.
Aliás, esta água-viva é a mesma que se fundiu com outra medusa, pertencente à espécie de ctenóforos água-viva-de-pente (Mnemiopsis leidyi).
Em um estudo recente, cientistas revelam que, além da capacidade de fusão, a Mnemiopsis leidyi é um dos organismos que desafiam a ordem do envelhecimento.
“Descobrimos que, após um período de estresse, espécimes da M. leidyi conseguiram voltar ao seu estado larval”, explica Joan J. Soto-Angel, da Universidade de Bergen, na Noruega, e coautor do estudo.
Para o cientista, o caso da água-viva que envelhece ao contrário levanta perguntas “fascinantes” sobre como essa habilidade se espalhou através da “árvore da vida do reino animal”.
Água-viva pode ajudar medicina regenerativa
Os ctenóforos, aliás, já fascinavam os cientistas com sua capacidade de regeneração, como visto no caso da fusão, bem como a habilidade de reprodução durante o estágio larval. Assim essa espécie de água-viva abala a estrutura entre a vida adulta e a infância.
Além disso, a descoberta coloca a Mnemiopsis leidyi como um modelo valioso para futuras pesquisas sobre envelhecimento e biologia do desenvolvimento. Em 2017, um estudo revelou que essa espécie foi o primeiro animal a habitar a Terra.
Portanto, o estudo sugere que o curioso caso da água-viva que envelhece de marcha à ré pode representar uma característica primitiva do reino animal.