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JUICE é lançada para investigar oceanos escondidos em luas de Júpiter

Missão quer investigar se oceanos de luas de Júpiter podem suportar vida. Chegada da JUICE está prevista para julho de 2031

JUICE é lançada para investigar oceanos escondidos em luas de Júpiter

Imagem: ESA/Divulgação

O foguete Ariane 5, da empresa Arianespace, lançou com sucesso a sonda JUICE em direção a Júpiter. A missão da ESA (Agência Espacial Europeia) visa fazer observações detalhadas do planeta, além de estudar suas três grandes luas oceânicas.

A decolagem aconteceu na manhã desta sexta-feira (14), às 09h14 (horário de Brasília), a partir do espaçoporto de Kourou, na Guiana Francesa — que faz fronteira com o Brasil. Após se separar do estágio superior do foguete, a sonda conseguiu implantar seus painéis solares e iniciou a sua jornada de oito anos até Júpiter.

Inicialmente, a decolagem estava prevista para o dia 13 de abril, mas ela foi adiada devido a um alto risco de queda de raios no local de lançamento. No vídeo abaixo é possível assistir na íntegra a cobertura do lançamento da missão JUICE:

Este foi o sexto voo do foguete Ariane 5 a fazer missões da ESA — lista esta que inclui o lançamento do Telescópio Espacial James Webb, em dezembro de 2021. Este também será o penúltimo voo deste modelo de foguete antes de sua aposentadoria, quando o mesmo será substituído pelo novo Ariane 6, a partir do final do ano que vem.

A busca pela vida nas luas de Júpiter

A chegada a Júpiter está prevista para julho de 2031. Antes disso, a JUICE – sigla para Júpiter Icy Moons Explorer – fará um verdadeiro tour pelo Sistema Solar, sobrevoando a Terra em 2024, Vênus em 2025, e novamente o nosso planeta em 2026 e 2029. Esses sobrevoos são necessários para que a sonda pegue impulso gravitacional e acelere na direção de Júpiter.

A espaçonave de 6,5 toneladas carrega 10 instrumentos científicos e um par de painéis solares com 27 metros de comprimento. Nas próximas duas semanas, a JUICE implantará suas várias antenas e instrumentos, que estudarão o ambiente de Júpiter e a subsuperfície do gelo de suas luas.

A diretora de ciências da ESA, Carole Mundell, afirmou que a JUICE permitirá explorar os mistérios de Júpiter e a habitabilidade dos oceanos em outros mundos. “Hoje, enviamos um conjunto de instrumentos científicos inovadores em uma jornada para essas luas que nos darão uma visão primorosa requintada que seria inimaginável para as gerações anteriores”, disse Mundell em comunicado.

Em 2034, a JUICE deve manobrar para fazer um estudo detalhado sobre o oceano interno de Ganimedes. Imagem: ESA

Atualmente, os cientistas acreditam que as luas Ganimedes, Europa e Calisto contém vastos oceanos de água líquida enterrados abaixo de suas superfícies geladas. Inclusive, eles têm volumes de água muito maiores do que nos oceanos da Terra.

Estudar essas luas podem oferecer insights sobre a possibilidade de a vida surgir em luas geladas, mesmo elas estando longe de suas estrelas hospedeiras. Ao todo, estão previstos 35 sobrevoos sobre Ganimedes, Europa e Calisto.

Entre as três luas, o principal alvo será Ganimedes, com a JUICE passando cerca de nove meses observando a lua de perto. Além do seu oceano oculto, Ganimedes também é a única lua do Sistema Solar a contar com um campo magnético.

Finalmente, quando a sonda ficar com pouco combustível, os controladores da missão guiarão a espaçonave para que ela entre em rota de colisão com Ganimedes. A ideia é garantir que ela não contamine nenhuma outra lua no sistema de Júpiter, o que poderia atrapalhar futuras missões de busca por vida.

A JUICE também carrega uma placa comemorativa em homenagem ao cientista italiano Galileu Galilei. Foi ele o responsável por descobrir Ganimedes, Europa e Calisto (além de Io) – as maiores luas de Júpiter – com a ajuda da primeira luneta astronômica, há mais de 400 anos.

Placa fixada no corpo da JUICE, apresenta imagens das primeiras observações de Galileu Galilei de Júpiter e suas luas. Imagem: ESA.

A sonda foi construída pela empresa Airbus e custou 1,5 bilhão de euros (R$ 8,1 bilhões na cotação atual). Além da ESA, a NASA e as agências espaciais do Japão e de Israel são parceiros da missão, contribuindo com hardware ou instrumentação científica.

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