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Diante de críticas, Kaspersky vai liberar seu código-fonte: “Não temos nada a esconder”

A polêmica da interferência russa na eleição do ano passado nos Estados Unidos está respingando em vários cantos do mundo da tecnologia, e a empresa de segurança Kaspersky Lab é uma das que têm enfrentado críticas e precisa reconquistar confiança. E para isso, decidiu abrir seu código-fonte para análises de terceiros, afirmando não ter nada […]

A polêmica da interferência russa na eleição do ano passado nos Estados Unidos está respingando em vários cantos do mundo da tecnologia, e a empresa de segurança Kaspersky Lab é uma das que têm enfrentado críticas e precisa reconquistar confiança. E para isso, decidiu abrir seu código-fonte para análises de terceiros, afirmando não ter nada a esconder.

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A empresa russa, cujo software antivírus conta com mais de 400 milhões de usuários em todo o mundo, disse em um comunicado que enviaria o código-fonte de seu software e de futuras atualizações de produtos para análise independente por parte de terceiros, de especialistas em segurança a funcionários do governo. A companhia também se comprometeu a tornar transparentes outras áreas de seu negócio, como o desenvolvimento de software. Essas análises devem começar até o último trimestre de 2018.

Além disso, a Kaspersky afirmou que criará “centros de transparência” nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, espaços em que clientes e órgãos governamentais terão acesso aos resultados dessas análises e poderão discutir qualquer dúvida sobre a segurança dos produtos da empresa.

A decisão da empresa russa foi elogiada por especialistas de cibersegurança americanos, que avaliaram-na como um bom jeito de suavizar a desconfiança enfrentada pela companhia no momento. Entretanto, o ex-diretor da NSA Michael Hayden, apesar de classificar a ação como “um importante passo à frente”, cravou que ela “não é necessariamente suficiente”.

Em entrevista à Reuters, Rodney Joffe, vice-presidente sênior da empresa de administração de identidade online Neustar e assessor da Comissão Federal de Comunicações dos EUA, reforçou a posição de Hayden, apontando que não basta a Kaspersky se resguardar contra futuras fragilidades e que a empresa precisa provar que consertou suas vulnerabilidades existentes. A liberação do código-fonte dos produtos já nas prateleiras “seria um bom começo”, disse Joffe.

A desconfiança mundial com a Kaspersky é muito grande no momento, e há uma divisão entre os melhores especialistas de cibersegurança do mundo sobre o papel da empresa na ação dos espiões russos durante as eleições norte-americanas: a companhia teve seu software “sequestrado” sem consentimento ou deliberadamente, ainda que por meio de um de seus funcionários, foi cúmplice do Kremlin?

CEO da empresa, Eugene Kaspersky espera que “com essas ações possamos superar a falta de confiança e reforçar nosso compromisso em proteger pessoas em qualquer país em nosso planeta”. No mês passado, os EUA proibiram o uso do software em computadores do governo, então a caminhada promete ser mais longa do que esses compromissos de transparência firmados agora.

[Reuters]

Imagem do topo: Divulgação / Facebook

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