Katherine Johnson, uma das pioneiras da NASA, morre aos 101 anos

Katherine G. Johnson, matemática da NASA e uma das inspirações do filme Estrelas Além do Tempo, morreu nesta segunda-feira (24), aos 101 anos.
Katherine G. Johnson, matemática da NASA
Imagem: NASA/Sean Smith

Katherine G. Johnson, matemática da NASA e uma das inspirações do filme Estrelas Além do Tempo, morreu nesta segunda-feira (24), aos 101 anos.

Johnson nasceu em 26 de agosto de 1918 em White Sulfur Springs, West Virginia, nos EUA, em uma família que se dedicou muito à sua educação – eles chegaram a se mudar para Institute, West Virginia para que ela pudesse continuar os estudos depois do ensino fundamental.

Os esforços foram recompensados: ela se formou com honras na West Virginia State College em 1937, aos 18 anos de idade.

Johnson começou a trabalhar como professora e era dona de casa, mas em 1953, entrou para o Departamento de Orientação e Navegação do Centro de Pesquisa de Langley do Comitê Consultivo Nacional para Aeronáutica, ou NACA – o antecessor da NASA.

Lá, ela trabalhou como uma “computadora”, realizando cálculos. A NACA contratava mulheres para esse trabalho de computação desde 1935 e passou a contratar mulheres afro-americanas durante a Segunda Guerra Mundial.

Johnson calculou as complexas trajetórias de lançamento de foguetes em órbita, incluindo a trajetória da viagem de Alan Shepherd em 1961, na primeira vez que um americano foi para o espaço.

“Desde o início, quando eles disseram que queriam que a cápsula descesse num determinado lugar, estavam tentando calcular em que momento isso deveria começar. Eu disse: ‘Deixa eu fazer isso. Você me diz quando quer e onde quer que a cápsula pouse, e eu faço o cálculo ao contrário e lhe digo quando deve decolar’. Esse era o meu forte”, disse ela, como lembra um comunicado da NASA.

À medida que a tecnologia avançou e os voos se tornaram mais complicados, a NASA começou a contar com computadores mecânicos para calcular essas trajetórias.

Johnson verificava os resultados desses computadores e os operava; ela verificou os resultados do computador que calculou a órbita da famosa missão Friendship 7 de John Glenn, a primeira vez que um americano entrou em órbita – Glenn não confiaria nos números a menos que Johnson os tivesse executado.

Em 1969, ela viu Neil Armstrong caminhar na Lua, uma viagem que, em partes, dependeu do seu trabalho. Johnson continuou a trabalhar em Langley até 1986, no Programa do Ônibus Espacial e em missões a Marte. Johnson foi co-autora de 26 trabalhos científicos durante a sua carreira.

Porém, muitas das contribuições de Johnson passaram despercebidas pelo público em geral até recentemente. O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama lhe concedeu a Medalha Presidencial da Liberdade em 2015 pelo seu trabalho, e muitas pessoas souberam dela quando Margot Lee Shetterly publicou o seu livro Hidden Figures: The American Dream and the Untold Story of the Black Women Who Helped Win the Space Race (Estrelas além do tempo, na versão em português), seguido da adaptação para os cinemas.

Em 2016, o Centro de Pesquisa da NASA Langley mudou o nome do seu centro de computação para Katherine G. Johnson Computational Research Facility.

Apesar do seu trabalho como pioneira das mulheres negras na ciência, tecnologia, engenharia e matemática, os obstáculos ainda permanecem. Os físicos negros ainda estão subrepresentados na área – a porcentagem de estudantes negros que recebem diplomas de bacharelado em física não aumentou nos EUA desde 2006.

“Katherine Johnson foi uma heroína que teve de esperar uma vida inteira para ser reconhecida por suas contribuições para a ciência espacial e astronomia”, disse Chanda Prescod-Weinstein, professora assistente de física na Universidade de New Hampshire, ao Gizmodo.

“Espero que a comunidade científica tire uma lição da forma como seu trabalho foi escondido e comece a procurar agressivamente por todas as formas de exclusão e expulsão das mulheres negras. Agora é um momento para lembrar suas contribuições, sim, mas é também um momento para avaliar o legado que ela representa e descobrir o que os cientistas farão para realizar os sonhos das mulheres negras que gostam de calcular e que amam o céu noturno. Apesar das portas que ela abriu, muitos de nós ainda estamos lutando para ultrapassá-las”, completou.

Esperamos que um dia, qualquer estudante interessado na pesquisa espacial seja capaz de perseguir a sua paixão sem barreiras.

Johnson disse em 2008: “Encontrei o que procurava em Langley. Isso é o que um pesquisador de matemática faz. Fui para o trabalho todos os dias durante 33 anos feliz. Nunca me levantei e disse que não queria ir para o trabalho.”

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