Kiruna, a cidade sueca que vai se mudar completamente nos próximos 85 anos
por Giovanni Santa Rosa
Ah, mudanças. Encaixotar tudo, transportar tudo, desencaixotar tudo, colocar tudo na nova casa. Se para uma pessoa isso já é um trabalho enorme, imagine para uma cidade inteira? Pois é isto que Kiruna, na Suécia, planeja fazer até o fim do século.
A cidadezinha de Kiruna tem 18 mil habitantes e é a mais setentrional — isto é, ao norte — da Suécia. Ela foi fundada em 1900 a partir de uma colônia próxima a uma mina de ferro.
Durante todo esse tempo, a cidade prosperou, mas agora ela está com um grave problema pela frente: para encontrar mais minério de ferro, a mina terá que ser mais escavada, coisa de 1,2 km de profundidade — mas pode ser que nada seja encontrado, e os túneis mais fundos deixarão o solo instável para suportar prédios maiores.
Então Kiruna resolveu se mudar para um local mais a leste, em cerca de três quilômetros. As partes da cidade mais próximas à mina começaram a ser demolidas e transferidas há alguns meses. Só que o processo todo vai ser beeeeeem lento — 85 anos, para ser mais preciso. Algumas construções históricas, como uma torre de relógio e uma igreja de 1912, serão desmontadas e reconstruídas na nova localização da cidade.
Já o resto da cidade será praticamente feito do zero, o que dá a seus administradores uma oportunidade urbanística única: fazer uma cidade mais densa, já que a atual Kiruna é espraiada e com regiões de difícil acesso. O escritório de arquitetura White, responsável pelo projeto, tem um vídeo bem bacana sobre todas as questões envolvidas no processo:
O Atlantic fala mais sobre o novo projeto:
O novo plano deixa o centro de Kiruna mais atraente. Lojas, cafés e a câmara municipal serão reagrupados em torno de uma praça compacta, projetada pelo escritório Kjelland + Sjöberg, com ruas mais estreitas, pensadas para proteger os pedestres do vento. (…)
As novas ruas residenciais da cidade também serão surpreendentemente metropolitanas. Moradores serão concentrados em prédios de apartamentos ultra-isolados (e em alguns casos sem espaços abertos) em ruas arranjadas ao longo do eixo leste-oeste. Este projeto estica a cidade numa configuração que facilita o transporte a pé, com os moradores a alguns da floresta.
As imagens mostram uma cidadezinha bem simpática. Como toda mudança, vai dar um trabalho enorme, mas a sensação de casa nova é sempre maravilhosa. [The Atlantic via Apartment Therapy]