Arqueólogos no Camboja descobriram cidades ocultas anteriormente desconhecidas perto dos templos de Angkor Wat, que faz parte de um dos mais importantes sítios arqueológicos do Sudeste Asiático.
Segundo o The Guardian, os especialistas revelaram várias cidades que têm em torno de 900 a 1.400 anos de idade. Algumas são tão grandes que rivalizam com o tamanho do capital do Camboja, Phnom Penh.
“Temos cidades inteiras descobertas debaixo da floresta que ninguém sabia que estavam lá”, diz Damian Evans, arqueólogo australiano do CALI (Iniciativa Arqueológica no Camboja com LIDAR) que vem mapeando o país.
Visão aérea comum e visão LIDAR revelando estruturas antigas (Damian Evans/Journal of Archaeological Science)
A tecnologia LIDAR (detecção e medição de distância por luz) usa lasers para medir distâncias. Ela foi desenvolvida para fins espaciais na década de 1970, e foi usada para mapear a superfície da Lua.
Desde então, ela vem sendo uma revolução na arqueologia, permitindo mapear ruínas em poucos anos – uma tarefa que antes podia consumir toda a vida de um estudioso. Para tanto, o LIDAR é combinado a um GPS de alta precisão e instalado em um avião ou helicóptero.
Modelo digital do terreno de Preah Khan de Kompong Svay – cerca de 120 km² sem árvores nem outros tipos de vegetação, mostrando o relevo topográfico (Damian Evans/angkorlidar.org)
O estudo, um dos maiores de seu tipo, é uma extensão de uma pesquisa anterior em 2012 que descobriu um grande sistema interligado entre as cidades. Os resultados do estudo de 2015, publicados no Journal of Archaeological Science, mostram a grande escala da cidade e do Império Khmer, que no seu auge no século XII, pode ter sido o maior império na Terra.
Evans e sua equipe usaram um laser instalado em helicópteros para mapear 2.230 km² com uma precisão de 15 centímetros. Isso permitiu obter mais detalhes sobre estruturas de pedra já conhecidas, e também descobrir culturas urbanas enormes cercando os templos – incluindo canais, estradas e pedreiras.
Mapa de Angkor com estruturas reveladas pelo LIDAR (Damian Evans/Journal of Archaeological Science)
As descobertas não só expandem a história coletiva da região, mas também podem dar aos pesquisadores pistas sobre o colapso do império Khmer em torno do século XV.
“Há uma ideia que, de alguma forma, os tailandeses invadiram e todos fugiram para o sul, mas isto não aconteceu – não há cidades [reveladas pelo levantamento aéreo] para as quais eles fugiram”, disse Evans. “Isso põe em xeque toda a noção de um colapso de Angkor”, região que serviu como sede do império Khmer.
[Journal of Archaeological Science via The Guardian e The Conversation]
Mapa de relevo do terreno em torno dos monumentos centrais de Sambor Prei Kuk (Damian Evans/angkorlidar.org)
Foto por Mark Horton