Libélulas percebem o ambiente 5 vezes mais rápido que humanos
Pesquisadores da Universidade de Galway, na Irlanda, descobriram que animais pequenos, criaturas que voam ou predadores do oceano percebem o tempo mais rapidamente do que outros.
Um novo estudo aponta que as libélulas percebem mudanças no ambiente ao seu redor cinco vezes mais rápido que os humanos — e 400 vezes mais rápido que as estrelas do mar.
Os resultados preliminares da pesquisa foram divulgados durante a reunião anual da British Ecological Society, na Escócia, na última terça-feira (20). Segundo o autor do estudo, Kevin Healy, a percepção de tempo de uma espécie está ligada diretamente com a rapidez com que o seu ambiente pode mudar.
Na prática, nem todos os animais têm essa percepção temporal mais ágil, pois ela gasta muita energia, além de estar limitada à rapidez com que os neurônios ligados às células da retina podem processar as imagens. Porém, alguns animais que possuem um estilo de vida acelerado têm sistemas visuais que podem detectar mudanças em taxas mais altas.
Durante o estudo, o cientista comparou 138 espécies com o objetivo de descobrir o tempo de reação dos receptores de luz na retina dos animais, conforme a frequência de uma luz aumenta. Isso é conhecido como frequência de fusão de cintilação crítica.
Os humanos, por exemplo, podem captar mudanças a 65 Hz – ou seja, é capaz de ver oscilações na luz a uma taxa de 65 vezes por segundo. Por outro lado, libélulas e moscas varejeiras têm visão capaz de lidar com até 300 Hz.
Entre os vertebrados, o pássaro europeu conhecido como “papa-moscas” enxerga em 146 Hz, o peixe salmão em 96 Hz e os cachorros em 75 Hz. Já os olhos mais lentos da natureza pertenciam às estrelas-do-mar com apenas 0,7 Hz.
Os pesquisadores ressaltam que essa taxa de percepção pode variar, inclusive entre os humanos. Estudos sugerem que goleiros de futebol ou pessoas que tomam café podem temporariamente ver mudanças em uma taxa ligeiramente mais alta.
Healy afirma que a velocidade de percepção do ambiente é muito útil, principalmente se o animal precisar se locomover rapidamente ou identificar a trajetória de uma presa em movimento. “Isso pode ajudar nossa compreensão das interações predador-presa ou até mesmo como aspectos como a poluição luminosa podem afetar algumas espécies mais do que outras”, disse o pesquisador, em comunicado.
Por outro lado, a pesquisa demonstrou que muitos predadores terrestres têm percepção de tempo relativamente lenta em comparação com predadores aquáticos. Uma possível explicação para essa diferença é que, em ambientes aquáticos, os predadores podem ajustar continuamente sua posição ao atacar uma presa. Já no ambiente terrestre, uma aranha saltadora, por exemplo, não é capaz de fazer esse ajuste durante o salto até a sua presa.