Ano passado, Lee Jae-yong, o então líder da Samsung, foi condenado por suborno e peculato. Lee foi sentenciado a cinco anos de prisão, o que sinalizava uma nova era em que poderosos líderes da Coreia do Sul não poderiam se esquivar da culpa por crimes de colarinho branco. Mas nesta segunda-feira (5), o herdeiro da Samsung foi liberado da prisão depois que um tribunal aceitou seu recurso e suspendeu a sentença.
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No primeiro julgamento, Lee afirmou ser inocente de todas acusações e passou cerca de um ano na cadeia, reporta a CNN, antes do tribunal aceitar o recurso e reduzir a sentença para dois anos e meio e a suspender para quatro anos. A corte o julgou culpado de uma acusação de suborno, mas não de esconder dinheiro em paraísos fiscais. O tribunal também anulou uma outra acusação de corrupção.
A propina envolveu milhões de dólares em pagamentos e presentes para motivar a então presidente sul-coreana Park Guen-hye e sua mentora Choi Soon-sil para influenciar o National Pension Service a aprovar uma fusão da Samsung. De acordo com os promotores, um dos subornos incluía uma casa de US$ 900 mil para a filha de Soon-sil, como explica o The New York Times. A fusão, que foi aprovada, ajudou a manter a sucessão da família, e garantir o poder de Lee. A Forbes estima que o patrimônio do executivo esteja na cada dos US$ 8,1 bilhões.
É importante entender que a Samsung tem fortes laços com a economia do país. Conhecida como “chaebol”, ou um conglomerado (geralmente mantido por uma família), a Samsung contribui com um pouco mais de um quinto das exportações do país. Seus negócios equivalem a 15% da economia total do país. É extremamente raro que os líderes dos chaebols do país sejam justamente punidos por seus crimes – a maioria dos condenados são perdoados ou recebem uma comutação. O pai de Lee, Lee Kun-hee, foi perdoado duas vezes por acusações semelhantes.
“A Coréia do Sul pega muito leve com os crimes de colarinho branco”, diz Geoffrey Cain, autor que está escrevendo um livro sobre a Samsung, para a CNN. “Houve esperança que as coisas melhorariam durante o primeiro julgamento, quando [Lee] foi sentenciado a cinco anos. Mas esse recurso sugere que nada mudou”.