Ciência

Lindas, coloridas e essenciais para a natureza: mais de 300 espécies de borboletas habitam o Parque da Ciência

Além de embelezar o ambiente, esses insetos são importantes polinizadores e indicadores da qualidade do ar
Imagem: Unsplash/Reprodução

Reportagem: Aline Tavares/Instituto Butantan

Certamente você já ficou maravilhado (e curioso) ao observar esses pequenos seres multicoloridos voando por aí. Diferente de outros insetos que por vezes causam medo ou repulsa, as borboletas são muito celebradas por sua beleza. Elas são conhecidas como símbolos da transformação: do ovo depositado nas folhas das plantas nasce a lagarta, que depois de alguns meses forma um pequeno casulo, a pupa, de onde emerge a borboleta adulta. Ricas e diversas, elas estão distribuídas em cerca de 20 mil espécies e possuem cores, padrões e comportamentos únicos.

Como uma ilha de vegetação em meio à selva de pedra, o Parque da Ciência Butantan é um exemplo de lar para borboletas, abrigando mais de 300 espécies. E o que explica essa diversidade é a presença de áreas de características distintas no complexo: borda de floresta, interior de floresta, zonas úmidas e secas, além de regiões pouco ou muito ensolaradas. Isso faz com que vários animais consigam prosperar no ambiente. A variedade de borboletas no Butantan resultou em um estudo científico publicado na revista da Universidade de São Paulo (USP) Papéis Avulsos de Zoologia e coordenado pela diretora do Museu Biológico, Erika Hingst-Zaher.

As borboletas são muito importantes para a manutenção da biodiversidade, já que, assim como as abelhas, são polinizadoras: ao se alimentarem do néctar das flores, ajudam a espalhar grãos de pólen para que as plantas possam se reproduzir. Assim, ajudam a manter o equilíbrio nos ecossistemas e a diversidade de vegetais, essenciais para a saúde humana e animal. Elas conseguem se alimentar do líquido graças à espirotromba, uma espécie de “tubo” longo que funciona como um canudo e fica enrolado sob seu queixo.

Borboleta e mariposa: conheça as diferenças que tornam esses insetos tão distintos

Além disso, se você deseja saber se a qualidade do ar está boa, basta olhar ao redor: onde há muitas borboletas, geralmente o ar está livre de poluição. Como são muito sensíveis e têm um ciclo de vida curto (de alguns dias a um ano, dependendo da espécie), elas respondem rápido quando algo muda no ambiente, e a falta desses insetos pode indicar que algo não vai bem naquele lugar.

As antenas da borboleta ajudam a detectar movimentos e substâncias químicas presentes no ar, desde o cheiro das flores até o de um potencial parceiro, além de serem importantes para a sua orientação durante o voo. Assim como outros insetos, elas possuem milhares de “pequenos olhos”, chamados de olhos compostos, podendo enxergar em várias direções.

Será que você consegue identificar as diferentes borboletas aqui no Parque da Ciência? Conheça algumas das mais comuns:

Mechanitis lysimnia (subfamília Danainae)

Com 6,5 cm, essas borboletas habitam matas secundárias, apresentando populações maiores nas bordas das cidades ou nas áreas florestais em reconstituição. De voo lento, se agregam em locais úmidos durante os meses mais frios. Também são chamadas de “tigre confuso”, já que as cores das asas lembram as de um tigre.

Phoebis neocypris (subfamília Coliadinae)

Possui de 5,5 cm a 7 cm e pode ser encontrada em parques, jardins e matas, voando rapidamente sobre as flores ou copas das árvores. Suas asas amarelas apresentam pequenas manchas marrons.

Riodina lycisca (subfamília Riodininae)

Essa pequena voadora de 2 cm habita locais ensolarados, geralmente margens de trilhas com floresta primária. Possui asas pretas aveludadas e pousa com elas abertas, diferente das demais borboletas.

Marpesia petreus (subfamília Cyrestinae)

Possui asas mais estreitas, da cor laranja, com faixas pretas paralelas contínuas entre as asas anteriores e posteriores. Quando vista por baixo, lembra uma folha seca. Habita florestas tropicais, subtropicais e áreas de vegetação menos densa.

O que os olhos não veem

Por que será que essas pequenas voadoras são tão coloridas? O principal motivo é poder afastar e confundir seus predadores por meio da camuflagem, ou mesmo assustá-los. Algumas espécies de borboleta possuem manchas de cores muito vibrantes, o que no mundo animal costuma indicar perigo e toxicidade.

Mas as asas das borboletas são, na verdade, transparentes em sua base. O que acontece é que elas são compostas por minúsculas escamas pigmentadas e escamas difrativas, que refletem vários comprimentos de onda, mostrando diferentes cores. Substâncias químicas encontradas nas plantas das quais as borboletas se alimentam contribuem para a diversidade de pigmentos.

Outra curiosidade é que as borboletas são capazes de enxergar muito mais cores do que nós: enquanto nossos olhos possuem células sensíveis à luz vermelha, à verde e à azul, essas voadoras podem ter seis ou mais tipos de células sensíveis à luz e conseguem ver até mesmo a luz ultravioleta. Essa visão especial ajuda o inseto a encontrar flores para se alimentar do néctar.

Inclusive, se você possui um jardim em casa, pode optar por determinadas plantas para atrair mais borboletas e deixar o seu quintal mais vivo e colorido. Entre as preferidas desses animais, estão a helicônia, cambará, hibisco, lavanda, margaridas e girassol.

Fotos: Aline Vieira e Silva

Essa matéria contou com a colaboração da zoóloga Erika Hingst-Zaher, diretora do Museu Biológico do Instituto Butantan.

Referências:

Estudo do Butantan: “Butterflies (Lepidoptera: Papilionoidea) of the urban park of Instituto Butantan, São Paulo, Southeastern Brazil”

Cambridge Butterfly Conservatory

Borboletário de São Paulo

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