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Lou Ottens, inventor da fita cassete, morre aos 94 anos; conheça seu legado

Engenheiro trabalhou na Philips no início da década de 1960, onde comandou a equipe responsável pelo formato.

Jerry Lampen/EPA

Imagem: Jerry Lampen/EPA

O engenheiro holandês Lodewijk Frederik Ottens, conhecido como Lou Ottens, faleceu aos 94 anos no último dia 6 de março, segundo informações da agência de notícias NRC Handelsblad. Ottens foi responsável por comandar o time que inventou a fita cassete — a famosa K-7 —, além de integrar as equipes que criaram o Compact Disc (CD) e o Video 2000, formato de fita de vídeo que serviu de alternativa ao clássico VHS.

Nascido em 1926, pode-se dizer que Ottens ingressou no mundo tecnológico no período da Segunda Guerra Mundial, quando construiu um rádio para sua família. Anos depois, ele desenvolveria um produto que revolucionaria a música, tornando-a mais acessível e democrática.

A fita cassete, primeira grande tecnologia criada por Ottens, surgiu no início da década de 1960, quando o engenheiro era chefe de desenvolvimento de produtos na filial belga da empresa Philips. De acordo com o NPR, Ottens queria produzir uma maneira mais compacta e acessível para as pessoas ouvirem música, em vez de recorrerem a equipamentos pesados que usavam grandes fitas de cartucho ou discos de vinil naquela época.

Imagem: Everyday Basics/Unsplash

O primeiro protótipo foi um compartimento de madeira que caberia dentro do bolso, mas o primeiro cassete realmente portátil surgiu apenas em 1963. Ottens também convenceu a Philips a não guardar o projeto apenas para si, permitindo que outras fabricantes usassem gratuitamente a tecnologia licenciada pela empresa belga. Daquele ano até agora, foram vendidas mais de 100 bilhões de unidades da fita K-7.

A fita cassete também pavimentou o caminho para o icônico walkman, que permitia ouvir músicas em qualquer lugar ao colocar o formato dentro de uma caixinha que reproduzia os discos.

Nos anos 1970, Ottens fez parte de outra revolução no formato musical: a criação do CD. Com a ajuda da Sony, ele ajudou a estabelecer um padrão que é usado até hoje na indústria, mesmo com o avanço dos serviços de streaming. A própria fita cassete voltou a ganhar espaço no mercado, embora não tão expressivo quanto há quase 60 anos, uma vez que artistas estão apostando no formato pela nostalgia. Em 2016, as vendas de fitas K-7 aumentaram 74%; dois anos depois, mais um crescimento, de 23%.

Como destaca o repórter Igor Bonifacic, do Engadget: “É difícil não exagerar a importância das fitas cassete para a cultura musical. Não teríamos mixtapes e playlists sem elas. Além do mais, elas permitiam que as pessoas ouvissem músicas e álbuns favoritos em qualquer lugar. Sem anúncios e sem que um DJ de rádio estivesse no lugar. Isso definiu como as pessoas gostam de ouvir músicas desde então”.

[NRC Handelsblad, NPR, Engadget]

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