Made in Brazil Apple teria recusado oferta para abrir loja em lugar privilegiado do Rio
Washington Fajardo, subsecretário de Patrimônio Cultural da cidade do Rio de Janeiro, viu na internet que havia um e-mail qualquer @apple.com que seria uma espécie de linha direta com Steve Jobs. Como usuário e fã da Apple interessado em revitalizar algumas áreas da capital fluminense, tentou a sorte e mandou uma mensagem oferecendo à Apple a possibilidade de abrir uma loja própria da Apple, dessas que vira ponto turístico, no Centro histórico ou a área portuário da Cidade Maravilhosa. A resposta de Steve Jobs:
"Não podemos nem exportar os nossos produtos com a política maluca de taxação superalta do Brasil. Isso faz com que seja muito pouco atraente investir no país."
A informação apareceu na coluna Gente Boa, editada pelo Joaquim Ferreira dos Santos no jornal O Globo de sábado. Como a história é meio esquisita, fui conversar com o pessoal da Secretaria de Cultura do Rio, que disse que essa era uma questão "pessoal" do Fajardo. Conversei com ele, e o subsecretário me confirmou tudo.
Conhecedor do Giz, Fajardo explicou que a sua ideia era simples: o Rio quer passar mais a imagem de cidade criativa e a Apple é a tradução de inovação. Rio+Apple=bom. O Rio quer trazer desenvolvimento a algumas áreas tombadas, então seria ótimo ter uma loja da Apple em algum desses lugares. Afinal, a loja da maçã é um belo ponto turístico, um centro de vendas e até escritório geek ao mesmo tempo.
"Escrevi um e-mail falando sobre essas oportunidades, sobre as mudanças econômicas do Brasil. O Rio de Janeiro está em um momento de mudanças também. O marketshare de produtos da Apple no Brasil está aumentando. Fiz um convite e disse que estaríamos disponíveis para identificar um imóvel interessante para que a Apple abrisse uma loja no Centro da cidade ou na zona portuária."
A resposta foi aquela descrita ali em cima. Jobs quer que a gente resolva o problema dos preços absurdos de iPhones antes de tentar uma loja bonitinha. "Não sei se foi dele mesmo, mas é o tipo de resposta que me parece ser do Steve Jobs. Curto, direto, tocando no ponto." Obviamente uma subsecretaria do Rio não pode fazer qualquer coisa: os impostos são problema do governo federal. Fajardo, aliás, acha que a situação no Rio foi bem melhor (em relação a produtos importados) uma centena de anos antes.
"O Brasil taxa de maneira exagerada a questão de tecnologia. Na transição do século XIX pro XX, a rua do Ouvidor tinha os mesmos produtos da Europa e Paris. Andamos para trás. Quanto mais conseguirmos construir uma economia urbana, aberta, melhor para as cidades."
A tentativa de Fajardo pode ter falhado, mas ele parece não ter desistido de uma grande maçã embelezando a paisagem carioca. "Na resposta desse provável Steve Jobs está claro que eles estão olhando para o Brasil. Nos últimos cinco anos muita coisa mudou. Eles estão atentos. Em outro momento poderemos tentar uma outra abordagem".
[Foto montagem de Marina Val]