Um dos motivos da baixa velocidade de internet no Brasil – especialmente longe dos grandes centros – é que falta cabeamento de alta velocidade para redistribuição, o tal backbone. Nem todo mundo sabe, mas o Brasil tem 16 mil km de cabos de fibra ótica ociosos, parados, sem 1 mísero kb de vídeos pornô passando por eles. Mas há uma boa chance de eles serem aproveitados em breve.
O cabeamento é da extinta Eletronet, empresa de capital misto cria da Eletrobrás, falida há anos. A rede, que vai do Rio Grande do Sul até a Amazônia, ficou congelada durante uma pendenga judicial, que terminou em agosto. Depois de quase ser vendida para a Oi, o Governo decidiu pagar todos os antigos acionistas e agora está sentado sobre quilômetros de cabos ociosos. O que fazer com eles?
A melhor rede de torrents do mundo, eu diria. Mas não é isso que o governo pensa. Há duas opções: a primeira, defendida pelo Serpro, é usar a estrutura para que basicamente boa parte dos municípios do Brasil se ligassem diretamente a redes internas importantes, como a Rede Nacional de Pesquisas, Correios e Dataprev. Uma mega intranet do governo.
Boring. Útil, mas chato.
A segunda opção, levantada hoje pela Info, tem mais chance de vingar, me parece: acender a fibra ótica para fazer o Plano Nacional da Banda Larga funcionar. A ideia é levar o sinal de internet a cidades sem muito acesso e deixar a exploração do serviço a cargo de pequenos provedores, com um preço razoavelmente regulado e provavelmente baixo.
Mas pra isso a Telebrás, que está basicamente emprestada para Anatel (há 1.200 funcionários da estatal trabalhando na agência), deveria virar uma provedora. Criar mais estrutura, abrir concurso e contratar mais gente. Ou deixar algumas provedoras assumirem o controle da estrutura. Alguém precisa apertar botões, sabe?
E sabe quem, na prática, decide o futuro da Eletronet? A Casa Civil, da ministra Dilma Roussef, que, dizem – porque no Brasil não podem falar isso por enquanto – é candidata à presidência. O que você acha que fica melhor na propaganda eleitoral? Alguém entregando banda larga rápida a preços baixos, aumentando a inclusão digital, ou criando uma intranet entre prefeituras..
Os cabos serão acesos, amiguinhos. Mais rápido do que pensamos.