Made in Brazil Brasil tem tarifa de celular mais cara do mundo
A gente já mencionou aqui que o Brasil tem a segunda tarifa de celular mais cara do mundo. Mas isso era um estudo feito por uma consultoria, e usando apenas 17 países na comparação. E se uma organização internacional de telecomunicações fizesse um estudo comparando 159 países? Com certeza vários países teriam tarifas mais caras que as do Brasil, não é mesmo? Não é mesmo? Infelizmente, não.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) comparou as tarifas de telefonia fixa, móvel e de banda larga em 159 países. A comparação é feita em paridade de poder de compra (PPC), que considera o nível de preços de cada país. A PPC é uma espécie de taxa de câmbio de longo prazo — ao contrário da taxa de câmbio encontrada nos jornais, que muda a cada dia — então não é correto multiplicar os valores em dólares PPC pela taxa de câmbio.
A ideia principal do estudo é comparar as tarifas entre países, então vamos às comparações.
Segundo a UIT, o Brasil tem a tarifa de celular mais cara do mundo, em termos de PPC. A tarifa mais cara entre 159 países. Por exemplo, um pacote com 25 chamadas e 30 torpedos custa, em média, US$ 42 por mês no Brasil. No México, são US$ 14,60; e em Hong Kong, apenas US$ 1 mensal.
A assinatura de telefonia fixa também é cara no Brasil: um pacote básico, que custa em média US$ 9 nos países em desenvolvimento, sai por US$ 13,40 no Brasil. Quanto à banda larga, um pacote que custa US$ 20 nos EUA sai por US$ 34 no Brasil — mas parece que os preços de internet banda larga são, em geral, mais altos em países em desenvolvimento.
Pelo gráfico acima, os serviços de telefonia fixa e móvel têm valores próximos, em média, nos países ricos e em desenvolvimento. Mas a diferença nos preços de banda larga fixa é enorme: ela custa cerca de 7 vezes a mais em países menos desenvolvidos.
Mas nem tudo são más notícias! As tarifas vêm caindo no Brasil (quando considerada a renda): queda de 52% na banda larga, 25% na tarifa de celular e 63% na tarifa de telefone fixo. Além disso, nossa colocação no ranking de acesso e uso de TIC (tecnologias de informação e comunicação) ficou na mesma — ou seja, não caiu. O que é bom também! [/polianamode off]
A UIT deixa o alerta: os custos continuam elevados no Brasil e representam "sério obstáculo" ao acesso e desenvolvimento das TIC no país. O que poderia resolver isso? A consultoria Bernstein Research sugeriu a redução nos custos de interconexão, que tornam as tarifas mais caras. O governo parece estar fazendo sua parte: além do plano nacional de banda larga, eles querem levar internet de alta velocidade para a zona rural, e pretendem oferecer celular com crédito para a população de baixa renda. E mais concorrência não faria mal ao consumidor, certo, Vivendi? [UIT via G1; imagem via]